Noções Gerais Sobre A Cabala
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A Cabala é uma das mais célebres doutrinas do ocultismo tradicional; é a expressão da filosofia esotérico dos hebreus. Seu fundador foi o patriarca Abraão, segundo dizem os rabinos. Os livros fundamentais onde se encontra a exposição de todos os seus mistérios são os de Moisés. Os sábios contemporâneos atribuem a CabaIa uma antiguidade bem menor. Nicolas a faz remontar ao primeiro século antes da era cristã . Outros pretendem que foi inventada no século XIII da nossa era por R. Moise de Leon. Adolphe Franck, em seu famoso livro, considera-a como sendo bem anterior às compilações da Mischma e do Tulamude. Essa é a opinião de todos os iniciados que escreveram sobre a questão, como Fabre d'Olivet, que se exprime de forma excelente quando diz:
"Parece, segundo os mais famosos rabinos , que o próprio Moisés, prevendo a sorte que seu livro deveria sofrer e as falsas interpretações que lhe seriam dadas através dos tempos, recorreu a uma lei oral, que transmitiu de viva voz a homens de confiança, cuja fidelidade teria sido provada, e os encarregou de transmiti-la no segredo do santuário a outros homens, que, transmitindo-a de geração em geração, a fizeram assim chegar a mais distante posteridade possível. Essa lei oral, que os judeus modernos gabam-se ainda de possuir, chama-se Cabala, palavra derivada de um vocábulo hebraico que significa o que é recebido, o que vem de outro lugar. o que passa de mão em mão."
Um estudo como este é destinado a apresentar as teorias dos que não aceitam somente os testemunhos arqueológicos, mas que reafirmam sua confiança na voz mais secreta da iniciação.
Como Moisés era um iniciado egípcio, a Cabala deve oferecer uma exposição completa dos mistérios de Mizraím, mas é preciso também não esquecer que Abraão teve um importante papel na constituição dessa ciência; e como o nome desse personagem simbólico e sua lenda indicam que ele representava um colégio de sacerdotes caldeus, pode-se dizer que a Cabala encerra também os mistérios de Mitras.
Não posso dar aqui as provas de todo que afirmo; seria necessário refazer toda a ciência lingüística e a história antiga; repito: minha intenção é apenas expor brevemente, com a maior clareza possível, idéias pouco conhecidas
A tradição ensina que, antes da raça branca, três outras raças de homens haviam predominado sucessivamente sobre a terra, um cataclismo de água ou de fogo marcando a decadência de uma e o crescimento da que lhe sucedia. Duas dessas raças teriam vivido em continentes hoje desaparecidos, e situados onde se estendem hoje o oceano Pacifico e o oceano Atlântico. Encontrar-se-ão nas obras de Elisée Reclus e de Ignatius ODonnelly as provas geográficas, geológicas, etnográficas e históricas que apóiam esta teoria. Sem entrar nos detalhes da história ideológica desses povos desaparecidos, é suficiente saber que na época em que vivia o jovem hebreu salvo das águas, os templos de Tebas continham os arquivos sacerdotais dos Atlantes e os da Igreja de Ram. Estes últimos eram uma síntese do esoterismo da raça negra recolhido pela antiga Índia , invadida pelos brancos. Por outro lado, Moisés recolheu aos templos de Jetro, último sobrevivente dos sacerdotes negros, os mistérios puros dessa raça. Assim, a tradição oral que o pastor dos hebreus deixa aos 70 eleitos por ele compreendia o conjunto de todos as tradições ocultas que a terra havia recebido desde sua origem.
Eis por que a Cabala é emanatista (Doutrina segundo a qual todos os seres criados emanaram da Essência Divina) como o Egito, panteísta como a China; ela conhece, como Pitágoras, as virtudes dos letras e dos números: ensina as artes psícúrgicas como os iogues hindus; ex põe as virtudes secretas das ervas, das pedras ou dos planetas como os astrônomos da Caldéia e os alquimistas da Europa. Eis por que os arqueólogos a confundiram com doutrinas muito posteriores e de uma amplitude bem mais restrita que a sua.
Sabe-se, por uma passagem do Êxodo, que foi a Josué que Moises confiou as chaves do tradição oral, mas essas chaves enferrujaram-se como diz Saint Yves, através do terror das guerras, das revoluções civis sofridas por Israel até Esdras, foram conservadas, entretanto, não pelo sacerdócio de Levi mas no seio de comunidades laicas de profetas e de videntes, dos quais os mais conhecidos atualmente são os Essênios. A leitura dos livros de Moisés era feita publicamente povo, todos os sábados, os comentários que se faziam os Targuns simplesmente orais no inicio, foram escritos mais tarde, toda esta literatura casuística e escótica, acumulada desde o retorno do exílio até o destruição do terceiro templo, é chamada Misdrahim, "comentários". Nela se distingue a Hallachah, o andar ou regra da marcha, e a Haggadah conta a lenda.
É nesta última parte, diz Saint Yves, que as comunidades em esotéricas deixaram transparecer um pouco de sua ciência. Shemata , Cabala . A última palavra é a que se emprega comumente e significa Tradição , ela tem entretanto outra etimologia.
Comumente, considera-se a palavra derivada do hebreu québil, que significa receber, recolher, e se traduz por tradição. Esta etimologia parece-nos forçada e inexata. Cremos que a palavra hebraica Kabbalah seja de origem caldaico- egípcio e tenha o sentido de ciência ou de doutrina oculta.
O radical egípcio khepp, Khop. ou Kheg. Khob, em hebraico gab, khebb ou khebet, significa ocultar, encerrar, e al, ou ol em egípcio significa pegar; assim, este vocábulo significaria a ciência de duzida de princípios ocultos ex arcano.
A partir de Esdras, a interpretação dos textos esotéricos de Moisés, de tríplice que era, tornou-se quadrupla, isto é, não mais solar mas lunar, de certo modo, Deriva disso o famoso vocábulo persa Paraíso (paradis) , soletrado sem as vogais: PRDS, chave do ensinamento das sinagogas bem diferente das chaves transmitidas por Moisés a Josué.
Estes quatro degraus podem ser caracterizados como se segue, segundo Molitor, o inferior, Pashut é o sentido literal; o segundo chama-se Remmez, que é uma simples alegoria; o terceiro, Derash é um simbolismo superior comunicado sob o selo do segredo; o quarto. enfim, Sod, o segredo, o mistério, a analogia, é inexprimível, é compreensível apenas por relação direta.
A Cabala teórica compreendia: 1º as tradições patriarcais sobre o Santo Mistério de Deus e das pessoas divinas; 2º sobre a criação espiritual e sobre os anjos; 3º sobre a origem do caos, da matéria, e sobre a renovação do mundo, nos seis dias da criação; 4º sobre a criação do homem visível, sua queda e as sendas divinas conduzindo a sua reintegração.