Os poderes opostos na Natureza.

Louis Claude de Saint Martin


Sem o poder contrário, que trouxe desordem para o Universo, a Natureza não conheceria desarmonia alguma, e nunca se separaria das leis prescritas pelos planos Eternos; mas, apesar de sua desordem, quando consideramos a Natureza como sendo composta de tão vários instrumentos e órgãos, servindo como canais para a vida universalmente difundida, percebemos uma gradação em suas obras, que nos faz admirar aquela sabedoria beneficente que direciona o curso harmonioso das coisas.


Os graus no conhecimento da Natureza, do Homem e do Espírito.
Observaremos, de fato, que na série de obras da Natureza, tudo serve como um grau para chegar não só ao próximo, mas ao mais alto grau.
A ação e a harmonia do fenômeno da Natureza leva ao conhecimento de seus fundamentos e elementos constituintes.
O conhecimento de seus elementos constituintes leva ao conhecimento daqueles poderes temporais e imateriais que criam este fenômeno.
O conhecimento destes poderes temporais e imateriais leva ao Espírito, pois eles não possuem em si próprios a chave do projeto geral.
O conhecimento do Espírito leva ao conhecimento da comunicação entre ele e nosso pensamento, uma vez que, outrora, mantínhamos relações com o Espírito, e toda relação pressupõe dois ou mais seres análogos; uma relação não pode ocorrer quando há um só ser.
O conhecimento da comunicação de nosso pensamento com o Espírito nos leva à luz de Deus, uma vez que somente esta luz pode ser o ponto gerativo central de tudo o que é luz e ação.


O conhecimento da luz de Deus nos leva a conhecer nossa própria miséria, devida a nossa terrível privação desta luz, que é a nossa única vida.
O conhecimento de nossa miséria nos mostra a necessidade de um poder restaurador, uma vez que o Amor, que é uma ordem eterna e um eterno desejo de ordem, nunca pode deixar de nos apresentar esta ordem e este amor, para que desfrutemos deles.


O conhecimento de um poder restaurador nos leva à recuperação da santidade de nossa essência e origem, uma vez que nos traz novamente ao seio de nossa fonte gerativa primitiva, ou à Trindade Eterna. Assim tudo na física, na natureza espiritual, tem o objetivo de crescimento e melhoramento, que poderia servir como uma trilha em nosso labirinto e para nos ajudar a valorizar os direitos de nosso pacto divino; pois, independentemente de nossas descobertas neste pacto divino, alimento revigorante para aquela insaciável necessidade que temos de admirar, é preciso aprender a preencher uma das mais nobres funções do Ministério Espiritual do Homem, a de ser capaz de compartilhar esta felicidade suprema com nossos semelhantes.