As cores sobre o Altar Martinista


Podemos observar que basicamente e de forma genérica, existem três cores distintas em cada uma das três toalhas que revestem o altar. Sendo a primeira toalha, e a maior, de cor negra, a segunda, de dimensão mediana, de cor vermelha e a terceira e mais pequena de cor branca. Acreditamos que estes símbolos místicos não naturais tenham um significado para além dos planos microcósmicos (corpos físico, emocional, mental e espiritual), e portanto relações com o macrocosmos (genesis metafisico e físico) por essa razão servir-nos-emos da correlação numérica esotérica para abordar este último ponto.


A primeira toalha de cor negra remete o nosso pensamento para aquilo que é material, bruto e sem luz. Comparativamente ao Homem da Torrente, ou seja, aquela parte da humanidade que vive somente por e pelos seus instintos e apetites básicos. Esta humanidade que existe na ausência de ideais mais elevados ditos espirituais, encontra-se simbolicamente cega, portanto no negrume ou escuridão, como a cor da toalha indica. Na ordem também pode ser correlacionada ao primeiro grau da Ordem Martinista, aos Associados Martinistas que se encontram nos primeiros passos do seu desenvolvimento psíquico, no início da morte ou desconstrução da sua persona. Encontram-se portanto na escuridão do útero da "Mãe-Ordem" que os nutre vagarosamente com a sua sabedoria. É nesta altura que os A::: M::: "mais sentem as paredes do turbilhão da Iniciação" citando as palavras do Ir::: Flamula Veritatis. É portanto uma fase de provação e não propriamente tempo de descontracção e júbilo! Lembremo-nos que esta toalha preta é a mais comprida e densa por isso pode indicar que, a passagem deste estado ao segundo poderá ser mais demorada ou laboriosa.


Vejamos agora o significado esotérico do número 1: o absoluto, começo, iniciativa, a Vontade Primordial, unidade, singularidade, individualidade, a concentração.
A segunda toalha, de cor vermelha e mais curta que a primeira, leva-nos a pensar no sangue vermelho da vida, no fogo, nas paixões ou desejos, na libido, na terra escarlate e no sacrifício. Podemos relacioná-la com o Homem de Desejo, aquele que busca ideais superiores mas que ainda não os vê nitidamente porque tern limitada percepção. É aquela parte da Humanidade que procura melhorar-se interiormente assim como o exterior que a rodeia, existe urn fogo ardente interior que incita a esta melhora, cor de fogo tal como a cor da toalha.
Na Ordem relacionamos o vermelho ao segundo grau, Iniciado Martinista ou Místico Martinista, que se encontra mais consciente das dores que este fogo provoca mas também da positiva regeneração interior que é realizada na alma do I:::M:::. Lembremos que ADÃO, em hebraico, significa solo vermelho ou barro vermelho, adom "vermelho" e dam "sangue". Adão foi a primeira Humanidade, aquela que se encontrava mais perto do Criador, mais perfeita e em estado de Glória como nos diz Martinez Pasqually no Tratado da Reintegração dos Seres. Mostra uma possível relação e aproximação com a Reconciliação que a Humanidade terÁ que fazer para que mais tarde se dê a efectiva Reintegração.


Esta toalha, mais curta que a primeira, deve marcar uma etapa fugidia e difícil de manter perene, urn estado fácil de perder-se para a obscuridade do materialismo. É a cor intermediária entre a terceira e a primeira. Portanto é urn estado equilibrado, é a ponte que liga a cor da materialidade (preto) á cor da luz imaterial (branco). Pode pertinentemente ser relacionada com o mediador plástico que une a alma ao corpo físico que por sua vez nutre-o, através deste mediador, com energia para anima-lo.


Vejamos agora o significado esotérico do número 2: Dualidade, passividade (oposta á actividade do 1), antítese, sucessão, difusão, separação, limite.
A última toalha branca e a mais curta, encontra-se no topo do altar e é sobre ela que se encontram todas as ferramentas litúrgicas que iremos abordar adiante. Singir-nos-emos por agora somente á cor branca que invoca a pureza, a harmonia, uma essência celestial que se aproxima do que é Uno e Divino. Representa o Novo Homem que caminha para a sua última "metamorfose" o Homem Espírito. Esta cor inspira a rectidão e a Verdade, a Humanidade que é verdadeiramente pura nas suas acções e pensamentos, que vê claramente o certo e o errado, aqueles que espiritualmente se encontram no caminho da reconciliação, lembra os Avatares e o Corpo Glorioso que todos nós temos de condensar.


Nas Ordens Martinistas de forma geral associa-se esta toalha ao terceiro grau, Superior Incógnito ou Filosofo Incógnito. Aquele que tem consciência livre e desapegada do mundo pueril, aquele que irradia a sabedoria celeste, e que se assim quiser, pode tornar-se Superior Incógnito Iniciador e caridosamente dedicar-se á instrução de outros IIr::: perpetuando a Tradição Martinista. Se a toalha vermelha representa o mediador plástico então a toalha branca, pelo seguimento da lógica, simbolizará a Alma (ou Espírito).
Eis o significado esotérico do número 3: primeiro termo equilibrado, resultante da acção dos dois princípios precedentes, multiplicação, crescimento, expansão, amplificação, produtividade, fecundidade, geração ou manifestação.


Através dos significados numéricos podemos ter uma pálida ideia de como tudo começou a existir Macro-cosmicamente e das três pessoas da Divindade, O Pai que é o início activo e sempre imanente, O Filho que dinamiza essa energia apropriadamente, direccionando-a de forma conveniente na criação, O Espírito-Santo que agrega essa energia geradora dinamizada do Filho para que a criação seja manifestada tangivelmente e funcionalmente. Podemos relacionar estes três princípios com o topo da árvore da vida no primeiro reino apelidado Aziluth. Vejamos a sephirah Kether, comparável ao Pai: fornecedor de energia bruta; Chockmah ao Filho que dinamiza essa energia apropriadamente; e Binah comparada ao Espírito-Santo que fornece o receptáculo para que essa energia viva prospere adequadamente.