AS COLUNAS DO TEMPLO
Frater Zelator. CBCS


Podemos ver no Livro dos Reis, cap. 7: "e tendo Salomão levantado a coluna da direita, deu-lhe o nome de Jakin; e, levantando a segunda coluna, deu-lhe o nome de Boaz". Esses pilares, tão conhecidos dos leitores da Bíblia, lembram o Templo que foi construído e reconstruído muitas vezes na história de nossa civilização pelo Rei Salomão. Porém, são muito mais antigos e tem um sentido simbólico pelo qual o Martinismo muito se interessa e que estão presentes em nossa caminhada desde o momento que nascemos. Nossa Iniciação nos mostra claramente a importância das colunas do templo. Também o Sepher Yetzirah nos diz que o próprio Deus os trouxe à existência: "Ele criou uma realidade do nada, chamou o nada à existência e modelou os colossais pilares a partir do ar imponderável". O simbolismo desses pilares representa a oposição que existe na natureza.


Aparentemente são opostos entre si. Mas na natureza duas condições produzem necessariamente uma terceira que, independente do que venha a ser, passa a ser uma função intermediária. Esta nova condição harmoniza a oposição entre as colunas e conduz ao conhecimento e à unidade. Essa é a lei do equilíbrio, o caminho do meio, aquele que concilia os opostos e leva ao conhecimento, à sabedoria, à Deus. A vida e a própria Criação foi e ainda é constituída pelos pares de opostos da vida: o bem e o mal, a vida e a morte, a verdade e a mentira, o ser e a substância, o espírito e a matéria, Caim e Abel, entre tantos outros, e tal dualismo é simbolizado pelas colunas do Templo. Cabe a cada buscador reconhecer esses opostos em si e encontrar o verdadeiro caminho que levará à Reintegração. A oração, o exemplo Martinista e dos grandes Mestres do passado, o conhecimento, a meditação, são algumas das ferramentas que podemos nos utilizar para chegar ao 3° ponto deste triângulo, o ponto que fornecerá a Iluminação. Reconhecer a oposição dos pilares e seu significado, além do seu mecanismo de funcionamento, é um das tarefas do Martinista em sua via.


Um ensinamento fundamental do Martinismo nos estabelece que: "toda força requer uma resistência; toda luz, uma sombra; toda convexidade, uma concavidade; tudo que escorre, um receptáculo; tudo que reina, um reino; todo soberano, um povo; todo trabalhador, uma matéria-prima; todo conquistador, um objeto de conquista. A afirmação se confirma pela negação. O forte só triunfa pelo contraste com a debilidade do fraco. A aristocracia só se manifesta como uma elevação acima do inferior e do não-qualificado." Como podemos ver, esta lei realmente caracteriza todo tipo e aspecto de vida. Ao prestarmos atenção nas leis fundamentais da ciência, e mesmo nas mais novas teorias, podemos encontrar esse dualismo. Como exemplo básico, o positivo e o negativo, ação e reação, masculino e o feminino, a inércia e a força, posição e velocidade, luz e sombra, etc. Porém, como poderíamos conhecer uma condição sem a outra? Ainda que a dualidade pareça dividir a Criação, tudo é Um na manifestação. No 3° ponto as partes duais se conjugam e os opostos se fundem num outro estado. O homem é um centro único para a assimilação e liberação de forças cósmicas. Devemos aprender apenas a dirigir para a concretização do bem e do plano Divino sobre a Terra. Desde a queda, o único propósito da humanidade tem sido a Reconciliação e a Reintegração com Deus. E só poderemos conseguir isso ao entendermos que devemos buscar trilhar o caminho central, o ponto em que todo candidato é colocado para realizar as suas tarefas. Os dois pilares representam a força criadora binária universal.
Para os egípcios, o termo realizador do equilíbrio entre Osíris e Ísis era o filho de ambos, Hórus.

O próprio Osíris conciliava Amon, o princípio ativo do universo, com Ptah, deificação do princípio passivo. Na teogonia hindu, Shiva, o transformador, une os poderes de Brahma, o Criador, e de Vishnu, o conservador. No cristianismo, o mediador entre o Pai ou princípio ativo e o Filho ou princípio conservador, é o Espírito Santo, ou força animadora universal. Em todos estas teogonias um sem o outro atrairia o universo criado e tudo o que ele contém para fora de suas condições, fora de suas órbitas, levando somente ao caos.
A ordem (cosmos) surge com a 3ª via. Designações como a "luz" (Aor) entre os cabalistas, a "pedra fundamental" entre os herméticos, o "fogo central da natureza" entre os antigos rosacruzes, a "pedra cúbica" entre os franco-maçons, equivalem a este termo mediador entre os dois opostos. No Martinismo os pilares tornam-se o fundamento sobre o qual o Buscador sincero estabelece sua força. Este pode ser considerado, então, como o 3° pilar simbólico, aquele que os unifica ou os concilia harmoniosamente.

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