Os sacrifícios perpétuos e aqueles de consagração
Louis Claude de Saint Martin
As Leis dos sacrifícios perpétuos, e daqueles ordenados para a consagração dos sacerdotes (cujo objetivo espiritual era unir o pontífice a Deus) nos levarão a seu próprio significado; este tipo de sacrifício não foi instituído a todos os homens, mas somente àqueles chamados por Deus, através de uma eleição particular, a seu serviço.
Tais homens, preparados, exatamente através da eleição
de cada um, estavam em conecção com as mais altas virtudes,
que, abarcando todas as coisas, estão sempre unidas àquelas
ações regulares que cuidam de afastar nosso sangue da desordem.
A vítima imolada, após estas preparações, apresenta
um sangue onde estas influências desenvolve seus poderes, e permitem
que as altas virtudes, por sua vez, também se desenvolvam, pois tudo
o que é harmonioso participa mais ou menos das propriedades do pacto
divino, mesmo que se encontre entre os animais.
Não é de se surpreender, então, que estas mesmas altas
virtudes devam agir sobre o homem escolhido, e produzam para ele todas aquelas
manifestações perceptíveis tão necessárias
para direcioná-lo em suas trevas; o homem só pode receber
as evidências da verdade através de um intermediário.
Tudo isto ocorreu com Abraão, quando sacrificou os animais divididos
em dois; com Araão, nos oito dias de sua consagração;
com Davi, na eira de Ornan; o que ocorreu no templo, após os sacrifícios
dos altos sacerdotes, o que indica, de forma clara, o objetivo e o poder
que realmente possuíam os sacrifícios sagrados, quando executados
pelos eleitos do Senhor, que exerciam, de uma forma adequada à época,
o Ministério espiritual do Homem.
Destas poucas observações sobre os sacrifícios de sangue
em geral, segue-se que seu objetivo era o de desenvolver certas influências
puras e regulares (ações) que unidas ao homem poderiam auxiliá-lo
a elevar-se de seu abismo, às regiões de ordem e regularidade.
As causas e operações das excomunhões e exterminações.
Numa direção oposta, mas tendendo ao mesmo fim, a interdição
ou excomunhão operada é mencionada no último capítulo
dos Levitas. O que foi consignado por este tipo de consagração,
à justiça do Senhor, era, aparentemente, o domicílio
do mais irregular e abominável e portanto o que havia de mais fatal
aos escolhidos. Assim, todos aqueles sujeitos à excomunhão
haviam de ser exterminados, a fim de que a ação ou influência
irregular que estavam neles, não encontrando mais apoio, fosse obrigada
a partir e a se tornar incapaz de injuriar as pessoas.
Temos aqui a oportunidade de não apontar erro na punição
de Achan, na execução de Agag por Samuel e na rejeição
de Saul que desejou salvar este rei impiedoso e condenado; e até
mesmo em todos os massacres autorizados de cidades inteiras com seus habitantes,
relatados nas Escrituras, tão revoltante para aqueles que não
estão preparados, ou estão pouco familiarizados com as verdades
profundas, e especialmente para aqueles cujo o corpo material é tudo
enquanto Deus só pertence as almas.
Por que o inocente cai com o culpado; a exterminação de animais.
Esta classe de pessoas, a que nos referimos anteriormente, está longe
de suspeitar do grande segredo, comentado no "O Espírito das
Coisas", através do qual a Divindade permite, freqüentemente,
que o inocente caia com o culpado nas pragas ou catástrofes da Natureza,
para que possam, pela pureza que possuem, se preservarem de uma corrupção
maior, assim como cobrimos com sal as carnes que preservamos e que de outra
forma putrefariam.
Em resumo, é com este intento, de remover os princípios fundamentais
do veneno, que encontramos a razão pela qual, na conquista da terra
Prometida, os judeus eram tão freqüentemente ordenados a exterminar,
mesmo entre os animais, porque, neste caso, a morte de animais infectados
com as influências impuras daquelas nações, preservavam
os escolhidos dos veneno; enquanto que, nos sacrifícios, a morte
de animais puros atraíam influências preservadoras e salutares.
A destruição rápida daquelas nações teria
exposto as crianças de Israel às influências impuras
daquelas bestas da Terra, pois tais nações eram seus receptáculos
e bases de ação; é por isso que Moisés disse
ao povo: "Iahweh, teu Deus, pouco a pouco irá expulsando estas
nações da tua frente; não poderás exterminá-las
rapidamente: as feras do campo se multiplicariam contra ti." (Dt. VII,22).
O sangue dos animais puros, a morada das boas influências na escravidão.
Isto não significa que as virtudes puras e regulares estejam encerradas
e sepultadas no sangue dos animais como pensam alguns, entre eles os Hindus
que acreditam que todos os tipos de espíritos habitam e se sustentam
ali; isto leva a crer simplesmente que aquelas influências puras e
regulares estão ligadas a certas classes e elementos distintos entre
os animais, e que, ao romper as bases nas quais estão fixadas, elas
podem se tornar úteis ao homem; é neste sentido que devemos
ler a passagem: "É o sangue que faz expiação pela
vida" (Lev.XVII.11); pois não devemos confundir a alma humana
e, portanto, a alma dos animais, com as ações regulares externas
que as governam.
Desta espécie de escravidão ou confinamento, onde se encontra
este tipo de ação ou influência, surge uma outra conseqüência,
justificada anteriormente pelo doloroso estado ou espécie de reprovação
em que se encontra o homem e que o denuncia como um criminoso. Esta conseqüência
é que se o homem exige que todas estas ações sejam
liberadas, antes que possa dar início a recuperação
de sua própria liberdade, se, em resumo, ele é colocada em
operação, ele deve ter sido também o objetivo de algo
que as subjugou,durante a revolução