Julgamento 
    Dos Templários
O Vaticano mantém como sabemos, arquivos secretos que são disponíveis apenas aos estudiosos da história tendo em vista a preciosidade dos documentos e seu difícil manuseio; os documentos não são divulgados amplamente também para que haja primeiro o entendimento correto dos mesmos. Aos poucos o Vaticano está disponibilizando essa riqueza histórica aos pesquisadores. Recentemente abriu seus arquivos e publicou um inédito e exclusivo volume que reúne todos os documentos de um dos grandes julgamentos da história, o que representou o fim da "Ordem dos Templários".
      No dia 25 de outubro de 2008, o Arquivo do Vaticano vendeu a 799 interessados 
      reproduções do "Processus contra Templarios", as 
      atas do processo da Inquisição contra os Cavaleiros do Templo 
      no início do século XIV. 
      A publicação da obra faz parte da iniciativa "Exemplaria 
      Praetiosa", que consiste na produção de exemplares com 
      tiragem limitada de obras exclusivas conservadas nos Arquivos Vaticanos. 
      O projeto prevê a publicação de reproduções 
      fiéis, com todos os detalhes, desde o uso do pergaminho aos selos 
      dourados, de documentos de grande importância histórica. 
      Os seguintes parágrafos foram extraídos dos textos oficiais 
      do Vaticano sobre o assunto:
      Os Templários (Milites ou Equites Templi) constituíam uma 
      Ordem de Cavaleiros militantes, sendo a mais antiga de todas. Foi fundada 
      em 1119 por Hugo de Payens e oito cavaleiros franceses, que se uniram numa 
      família religiosa, ligada pelos votos habituais de pobreza, castidade 
      e obediência, além do voto especial de defender com as armas 
      e proteger os peregrinos que se dirigissem a Jerusalém. 
      O seu nome se deve ao fato de que o rei Balduíno II de Jerusalém 
      colocou à disposição dos cavaleiros uma habitação 
      no palácio real, que se achava na esplanada do Templo de Salomão. 
      A Ordem dos Templários foi inicialmente muito pobre, mas cresceu 
      rapidamente, especialmente depois que S. Bernardo, doutor da Igreja, a apoiou 
      escrevendo a sua Regra. Isto mostra sem dúvida a usa dignidade. Um 
      dos grandes ideais dos jovens da Idade Média era ser Cavaleiro; S. 
      Francisco de Assis a isto aspirava. 
      Os Cavaleiros foram favorecidos pelo Papa Inocêncio II, e altamente 
      beneficiados por doações, que tornaram a Ordem rica. O seu 
      hábito era um manto branco sobre o qual estava traçada uma 
      cruz vermelha. Juntamente com os Joanitas ou Cavaleiros Hospitaleiros (porque 
      tinham um hospital em Jerusalém dedicado a S. João Batista), 
      os Templários se dedicaram com suma abnegação coragem 
      a defesa da Terra Santa; mais tarde, porém, foram vítimas 
      de discórdias entre si. 
      Filipe IV o Belo, da França, movido pela cobiça do poder e 
      dos bens dos Templários, queria provocar a extinção 
      dos mesmos. Em vista disto, desde 1305 começou a propagar terríveis 
      acusações falsas contra eles. Em 1307, Clemente V, instado 
      por Filipe, prometeu fazer um inquérito a respeito dos pretensos 
      crimes dos Templários. O rei, porém, não esperou o 
      procedimento Papal, e mandou prender aos 13/10/1307 todos os Templários 
      da França, inclusive o seu grão-mestre Jaime, Jacques ou Tiago 
      de Molay (cerca de 2000 homens), confiscando todos os seus bens (fora da 
      França ficavam uns 1000 ou 2000 Templários ainda). 
      Filipe IV exortou outros reis a seguir o seu exemplo, e mandou aplicar a 
      tortura aos irmãos para extorquir deles todas as confissões 
      de interesse do rei. O próprio grão-mestre, alquebrado, e 
      talvez sob a pressão da tortura, exortava por carta os seus súditos 
      a confessar logo. Filipe dava a crer que essas medidas eram tomadas de acordo 
      com o Papa, quando na verdade eram todas de iniciativa e responsabilidade 
      do rei. 
      A princípio, Clemente V protestou e exigiu a libertação 
      dos encarcerados. O próprio Papa em Poitiers (1308) ouviu o depoimento 
      de 72 Templários, que Filipe IV Ihe mandara. A decisão última 
      foi confiada a um Concílio Ecumênico, que se reuniu em Viena 
      (França) de outubro 1311 a maio 1312 (15º Concílio Ecumênico). 
      O Papa Clemente, houve por bem abolir a Ordem mediante a Bula "Vox 
      in excelso" de 22/03/1312, "não em sentença judiciária, 
      mas como medida de prudência administrativa baseada nas faculdades 
      da Sé Apostólica". 
      O Papa não quis julgar os Templários do ponto de vista ético 
      ou disciplinar; julgou, porém, que a existência dos Templários 
      era um foco de distúrbios no mundo cristão da época. 
      Esta distinção obteve o consentimento da maioria dos conciliares. 
      Os bens dos Templários foram, em parte, atribuídos a outras 
      Ordens Religiosas, em parte caíram nas mãos dos príncipes. 
      
      Embora tenha havido historiadores desfavoráveis à dignidade 
      dos Templários, hoje em dia entende-se que foram vitimas de graves 
      calúnias.