EM BUSCA DO CAMINHO DO MEIO
Santi-Ebar SI


Sempre impulsionados pelos nossos desejos, estamos, como um pêndulo, a oscilar entre o Bem e o Mal, dentro de uma diversidade tão variada, que causa-nos constantes crises.

A crise é a manifestação violenta e repentina da ruptura do equilíbrio ou da continuidade de uma situação. As crises, mesmo as naturais, são analisadas em relação à forma e à intensidade com que afetam a humanidade e estão intimamente relacionadas com desafios. Os nossos desejos nos impelem para a busca de desafios, gerando novos conflitos por interferir nos desafios e desejos dos outros. A satisfação pela conquista gera estabilidade que será perdida por novos desejos e desafios, em um ciclo interminável.

A crise ocorre sempre que houver mudança em uma situação ou o desejo ardente de que ela ocorra. Todo desejo gera mudança. Toda mudança, em desarmonia com o Cosmos, com natureza e com os próprios homens, gera insegurança. A insegurança é um dos sentimentos mais perturbadores da estabilidade emocional de qualquer ser, por isso a busca da segurança é instintiva. A instabilidade é apavorante. Somente após estar em segurança é que se busca a satisfação dos outros desejos.

A sociedade passa por uma evolução muito rápida, não possibilitando o nosso reajuste às novas exigências e situações. Rotinas são permanentemente quebradas. Novas idéias e novos equipamentos são apresentados a todo momento, nem bem assimilados os anteriores. Estamos em permanente sobressalto causador de tensões que transferimos em nossos relacionamentos e ações.

Não podemos deixar de considerar o efeito devastador causado pelas paixões humanas que interferem em todos os processos. Paixões cegas como a ambição, a inveja, o egoísmo e o orgulho, entre outras, apresentam-se sempre como principais fontes geradoras dos conflitos.

A crise gera os mais diversos sentimentos e reações, sempre sentimentos negativos inerentes à insegurança e o desejo de ter. A crise diplomática gera guerras; a crise política gera golpes de Estado e perda da liberdade; a crise social gera revoluções e guerras fratricidas; a crise econômica gera miséria; a crise familiar gera a desagregação; a crise religiosa gera a descrença e o fanatismo; a crise sentimental gera desamor, vingança, e assim por diante.

Se as crises são causadas pela mudança brusca, a solução, para evitá-las, é o planejamento de nossas ações objetivando prever a intensidade e o ritmo em que as mudanças ocorrerão, e para isso necessitamos estudar o relacionamento do homem com o Cosmos, com a natureza, com a sociedade e com ele mesmo, objetivando buscar a harmonia, condição fundamental para se evitar os conflitos. Somente as mudanças que ocorrem em ambiente harmônico não geram crises.

Nem todas as crises são previsíveis. Podemos prever algumas causadas por mudanças sociais, econômicas, políticas, decorrentes de atitudes do próprio governo ou de corporações. Porem não temos condições de prever as geradas por motivos naturais, como as e causadas por secas, enchentes, etc.., ocasionando fome e miséria, nem as provocadas por atitudes individuais motivadas pelas paixões. Estas últimas são as que mais nos afetam no dia a dia, seja nas relações familiares, de trabalho, sociais, etc.. Estas paixões são individualistas mas requerem a existência de um ambiente social para serem satisfeitas

É na diversidade que obtemos o aprendizado necessário para enfrentarmos as crises. Para atenuá-las, devemos praticar a reversibilidade, que é a capacidade de nos colocar, também, como um pêndulo, ora de um lado, ora de outro, conhecendo cada um dos lados, para com isso, posicionar-nos favoravelmente às mudanças, se irreversíveis. Com flexibilidade devemos adaptar-nos à nova situação. Se não podemos mudar o fato, vamos mudar a própria atitude em relação a ele, como a água que se acomoda entre as pedras e obstáculos para poder cumprir a sua finalidade que é chegar ao mar. Nós não temos capacidade de mudar ninguém, só a nós mesmos.

O renomado Psiquiatra e Psico-terapeuta Dr. Adilson Rodrigues afirma em suas palestras, que devemos, sempre, ter a capacidade de mudar a cada instante; de adaptar-nos ás novas situações; de evoluirmos com as novas invenções, de compreendermos as novas idéias, participarmos ativamente da grande evolução universal e de não sermos os mesmos, todos os dias. Que devemos ter consciência de que, agora, neste momento, já não somos mais aqueles seres intransigentes de ontem, ou de hoje cedo, ou de hoje à tarde, ou mesmo de um minuto atrás. Aqueles eram outras pessoas, não nós que neste momento já evoluímos mais um pouco, portanto mudamos e podemos dizer, com certeza, que estamos abertos à compreensão dos assuntos que até então eram intocáveis, mesmo aqueles evitados pelos esposos ou esposas, pelos filhos, amigos e inimigos, por causarem-lhes o constrangimento da nossa resposta agressiva, mau humorada e geradora de crise. Voltemos a eles e mostremos que somos novas pessoas; que nós aprendemos a trilhar o caminho do meio para oferecer harmonia; que talvez o cerne de algumas das crises somos nós com nossa intransigência; que, agora, estamos empenhados a evitar ou superar as crises e não gerá-las e que eles acreditem nessa nossa nova postura, porque nós mudamos. E porque mudamos temos capacidade de entender, o que nem sequer queríamos ouvir.

Somos instruídos para buscar, oscilando na diversidade, o equilíbrio. Para isso temos que adquirir a capacidade de mudar, o desejo de querer mudar e o orgulho de poder dizer: Eu vou mudar, ...eu mudei, ...porque agora conheço o meu caminho!...