Doutrina
da Nova Jerusalém
sobre o Senhor


Emanuel Swedenborg
Amsterdã
1763


continuação

"O Senhor cumpriu todas as coisas da Lei" quer dizer que Ele cumpriu toda a Palavra

8. Muitos hoje acreditam que, onde se diz do Senhor que Ele cumpriu a Lei, se entende que Ele cumpriu todos os preceitos do Decálogo, e que, assim, Se fez justiça e também justificou os homens do mundo por essa fé. Entretanto, não é isso que se entende, mas que Ele cumpriu todas as coisas que foram escritas a Seu respeito na Lei nos Profetas, isto é, em toda a Escritura Santa, porque ela trata somente dEle, como foi dito no capítulo acima. A razão por que muitos hoje crêem diferentemente tem como causa o fato de não terem examinado as Escrituras e não terem visto o que ali se entende pela "Lei". Ali, pela "Lei" se entende, no sentido restrito, os dez preceitos do Decálogo; num sentido mais amplo, todas as coisas que foram escrita por Moisés em seus cinco livros; e num sentido amplíssimo, toda a Palavra. Que pela "Lei" num sentido restrito sejam entendidos os Dez preceitos do Decálogo, isto é sabido.

9. Que pela "Lei" num sentido mais amplo sejam entendidas todas as coisas que foram escrita por Moisés em seus cinco livros, vê-se pelas seguintes passagens. Em Lucas:
Abrahão disse ao rico no inferno:
"Eles têm Moisés e os Profetas, ouçam-nos... Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, não serão persuadidos, ainda que algum dos mortos ressurja" (16:29, 31).
Em João, Filipe disse a Natanael:
"Achamos aquele de quem Moisés escreveu na Lei, e nos Profetas" (1:46).
Em Mateus:
"Não julgueis que Eu tenha vindo para anular a Lei e o Profeta; não vim para anular, mas para cumprir" (5:17).
No mesmo:
"Todos os Profetas e a Lei profetizaram até João" (11;13).
Em Lucas:
"A Lei e os Profetas [duraram] até João; a partir de agora o reino de Deus é anunciado" (16:16).
Em Mateus:
"Todas as coisas que quereis que os homens vos façam, fazei-lhes vós também; esta... é a Lei e os Profetas" (7:12).

No mesmo:
"Jesus... disse: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e em toda a tua alma... e amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem a Lei e os Profetas" (22:37, 39, 40).
Nesses lugares, por "Moisés e Profetas", e também por "Lei e Profetas" são entendias todas as coisas que foram escritas nos livros de Moisés e nos livros dos Profetas. Que pela "Lei" em particular se entendam todas as coisas que foram escritas por Moisés, é evidente ainda por isto, em Lucas:
"Completaram-se os dias da purificação conforme a Lei de Moisés; trouxeram" Jesus "a Jerusalém, para O apresentarem ao Senhor, como está escrito na Lei do Senhor, que todo macho que abre o útero seja chamado santo ao Senhor, e para darem em sacrifício conforme foi dito na Lei do Senhor, um par de rolinhas, e dois filhotes de pombas. ... E os pais levaram... Jesus ao templo, para fazerem por Ele conforme o costume da Lei. ... Quando cumpriam todas as coisas conforme a Lei do Senhor"... (2:22-24, 27, 39).
Em João:
"Na Lei... Moisés... ordenou apedrejar tais" (8:5).

No mesmo:
"A Lei foi dada por Moisés" (1:7).
Daí é evidente que ora se diz "Lei", ora "Moisés", onde se trata das coisas que são escritas em seus livros. (Como também em Mat. 8:4; Mc. 10:2-4; 12:19; Luc. 20:28, 37; Jo. 3:14; 7:19, 51; 8:17; 19:7). Muitas coisas que foram mandadas por Moisés são também chamadas "Lei", como o que se disse sobre os holocaustos (Lev. 6:9; 7:37), os sacrifícios (Lev. 6:25; 7:1-11), as ofertas de manjares (Lev. 6:14), a lepra (Lev. 14:2), o ciúme (Núm. 5:29, 30) e do nazireado (Núm. 6:13, 21). E Moisés mesmo chama os seus livros "a Lei":
"Escreveu... Moisés esta Lei, e a deu aos sacerdotes, filhos de Levi, os que carregavam a arca da aliança de JEHOVAH", e disse-lhes: "Recebendo o Livro desta Lei, depositai-o ao lado da arca da aliança de JEHOVAH" (Deut. 31:9, 11, 26).
Foi depositado do lado da arca, porque dentro da arca estavam as tábuas de pedra, que, no sentido restrito, são a Lei. Os livros de Moisés são depois chamados "Livro da Lei":
"Disse Hilquias, o sumo sacerdote, a Shafan, o escriba: Achei o Livro da Lei na casa de JEHOVAH. ...Quando o Rei ouviu as palavras do Livro da Lei, rasgou as suas vestes" (II Re. 22:8).
10. Que pela "Lei", no sentido mais amplo, se entenda toda a Palavra, pode-se ver por estas passagens:
Jesus disse: "Porventura não está escrito em vossa Lei: Eu disse: Sois deuses?" (Jo. 10:34);
isto está escrito no Salmo 82:6.
"A multidão respondeu... Nós ouvimos da Lei que o Cristo permanecerá para sempre" (Jo. 12:34);
isto está escrito nos Salmos 89:29; 110:4; e em Daniel 7:11, 14.
"Para que se cumprisse a palavra escrita na Lei deles: Tiveram ódio de Mim sem causa" (Jo. 15:25);
isto está escrito no Salmo 25:19.
Disseram os fariseus: "Acaso algum dos principais creu n'Ele? Mas essa multidão, que não sabe a Lei [é maldita]" (Jo. 7:48, 49).
"É mais fácil... passar o céu e a terra, do que cair um til da Lei" (Luc. 16:7).
Pela "Lei", aqui, entende-se toda a Sagrada Escritura.

11. Que "o Senhor cumpriu toda a Lei" queira dizer que Ele cumpriu toda a Palavra, é evidente pelas passagens onde se diz que por Ele a Escritura foi cumprida, e que todas as coisas foram consumadas, como por estas:
Jesus "entrou... na sinagoga, e levantou[-Se] para ler. Então Lhe trouxeram o livro do profeta Isaías; e desenrolou o livro, e achou a passagem... escrita: O Espírito do Senhor está sobre Mim, pois que Me ungiu, enviou-Me para evangelizar os pobres, para curar os contritos de coração, para anunciar a remissão dos cativos, e a visão dos cegos, e para pregar o ano aceitável do Senhor. Em seguida, enrolando o livro... e disse: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos" (Luc. 4:16-21).
"Examinai as Escrituras... e elas testificam de Mim" (Jo. 5:39).
"Para que se cumprisse a Escritura: O que comeu pão comigo levantou sobre Mim o calcanhar" (Jo. 13:8).
"Nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição, para que se cumprisse a Escritura" (Jo. 17:12).
"Para que se cumprisse a Palavra, que disse: Dos que Me deste, não perdi deles nenhum" (Jo. 18:9).
"Disse Jesus" a Pedro: "Esconde a tua espada no lugar...; como então se cumpririam as Escrituras, que assim convém que se faça?... Isto... tudo aconteceu para se cumprissem as Escrituras dos profetas" (Mat. 26:52, 54, 56).
"O Filho do homem vai, como está escrito sobre Ele... para que se cumpram as Escrituras" (Mc. 14:21, 49).
"Assim se cumpriu a Escritura, que disse... Com os ímpios foi contado" (Mc. 15:28; Luc. 22:37).
"Para que a Escritura se cumprisse... Dividiram consigo Minha vestimenta, e sobre Minha túnica lançaram sorte" (Jo. 19:24).
"Depois disso, sabendo Jesus que todas as coisas já estavam consumadas, para que se cumprisse a Escritura..." (Jo. 19:28).
"Quando... tomou o vinagre, Jesus disse: Está consumado" isto é, cumprido. (Jo. 19:30).
"Estas coisas aconteceram para que se cumprisse a Escritura: Um osso d'Ele não quebrareis. E, de novo, outra Escritura disse: Verão a Quem traspassaram" (Jo. 19:36, 37).
Além de outros lugares, onde são citadas passagens dos Profetas e não se diz ao mesmo tempo que a Lei ou a Escritura fosse cumprida. Que toda a Palavra tenha sido escrita a respeito d'Ele, e que tivesse vindo ao mundo para a cumprir, foi o que Ele ensinou também aos discípulos, antes que Se fosse, por estas palavras:
Jesus disse aos discípulos: "Néscios e tardos de coração para crer em todas as coisas que foram faladas pelos profetas. Porventura não convinha que o Cristo sofresse isso, e entrasse na glória? E começando por Moisés e por todos os Profetas, interpretou para eles todas as Escrituras a Seu respeito" (Luc. 24:25-27).
E, adiante:
Jesus disse aos discípulos: "Estas são as palavras que falei a vós, quando ainda estava convosco, que convinha cumprir todas as coisas que foram escritas na Lei de Moisés e nos Profetas e Salmos sobre Mim" (Luc. 24:44, 45).

Que o Senhor tenha cumprido no mundo todas as coisas da Palavra, até as mais singulares dali, vê-se por essas Suas palavras:
"Amém vos digo, ainda que o céu e a terra passem, nem um iota ou um til passará da Lei, até que todas as coisas aconteçam" (Mat. 5:18).
Por aí se pode ver claramente agora que por essa expressão, que o Senhor cumpriu todas as coisas da Lei, não se entende que Ele cumpriu todos os preceitos do Decálogo, mas todas as coisas da Palavra.



O Senhor veio ao mundo para subjugar os infernos e glorificar o Humano, e a paixão da cruz foi o último combate, pelo qual venceu plenamente os infernos e plenamente glorificou Seu Humano.

12. Sabe-se na Igreja que o Senhor venceu a morte, pela qual se entende o inferno, e que depois subiu ao céu em glória. Mas ainda não se sabe o Senhor, por meio dos combates, que são tentações, venceu a morte ou inferno e, ao mesmo tempo, por esse meio, glorificou o Seu Humano, e que a paixão da cruz foi o último combate ou tentação, pela qual venceu e glorificou [o Humano]. A esse respeito se trata muitas vezes nos Profetas e em David [Salmos], mas não tantas vezes nos Evangelhos. Nesses, as tentações que suportou desde a infância são descritas, em sumário, pelas Suas tentações no deserto e, depois, as que vieram do diabo; por último, pelas que passou no Gethsemani e na cruz. Sobre as tentações no deserto e, depois, pelo diabo, veja-se em Mat. 4:1-11; Mc. 1:12, 13; e Luc. 4:1-13. Por essas, porém, se entendem todas as outras, até às últimas. Sobre isso, Ele não revelou muitas coisas aos discípulos, porque foi dito em Isaías:
"Suportou o degredo... todavia não abriu a Sua boca; como cordeiro para a matança... e como a ovelha diante dos seus tosquiadores, emudeceu, e não abriu a Sua boca" (53:7).
Sobre Suas tentações no Gethsemani, veja-se em Mat. 26:36-44; Mc. 14:32-42; e Luc. 22:39-46. E sobre as tentações na cruz, em Mat. 27:33-50; Mc. 15:22-37; Luc. 23:33-49; e Jo. 19:17-34. As tentações não são outra coisa senão o combate contra os infernos. Sobre as tentações ou combates do Senhor, veja-se a obra Nova Jerusalém e Sua Doutrina Celeste, editada em Londres, n. 201 e 302. E sobre as tentações em geral, n. 187-200 naquele livro.

13. Que o Senhor, pela paixão na cruz, tenha vencido plenamente os infernos, Ele o ensina em João:
"Agora é o juízo deste mundo; agora o príncipe deste mundo será lançado fora" (12:31);
essas palavras o Senhor falou quando ia sofrer a paixão da cruz. No mesmo:
"O príncipe deste mundo está julgado" (16:11).
No mesmo:
"Confiai. Eu venci o mundo" (16:33).
E em Lucas:
"Disse Jesus: Vi Satanás como caindo do céu como raio" (10:18).
Por "mundo", "príncipe do mundo", "Satanás" e "diabo" se entende o inferno. Que o Senhor, pela paixão da cruz, também tenha glorificado plenamente o Seu Humano, Ele o ensina em João:
"Depois que" Judas "saiu, disse Jesus: Agora é glorificado o Filho do homem, e Deus é glorificado n'Ele. Se Deus é glorificado nEle, também Deus O glorificará em Si mesmo, e logo O glorificará" (13:31, 32).
No mesmo:
"Pai, chegou a hora. Glorifica o Teu Filho, para que também o Filho glorifique a Ti" (17:1).
No mesmo:
"Agora Minha alma está turbada", e disse: "Pai, glorifica o Teu nome; e saiu uma voz do céu: E glorifiquei, e de novo glorificarei" (12:27-28).
Em Lucas:
"Não convinha que o Cristo sofresse isso, e entrasse na Sua glória" (24:26).
Estas coisas foram ditas a respeito da paixão. A glorificação é a união do Divino com o Humano, pelo que foi dito: "E Deus O glorificará em Si mesmo".

14. O Senhor veio ao mundo para repor na ordem todas as coisas nos céus e, daí, nas terras, e fez isto por meio de lutas contra os infernos, que então infestavam todo homem que nascia no mundo e saía do mundo. Por esse ato Ele Se fez Justiça e salvou os homens, os quais, sem isso, não poderiam ser salvos. Isto foi predito em muitas passagens nos Profetas, das quais serão trazidas algumas.
[2] Em Isaías:
"Quem é Este que vem de Edom, de Bozra com as vestes salpicadas? Este, honroso em Sua vestimenta, que avança na multidão de Sua força? Eu, que falo em justiça, grande para salvar. Por isso estás vermelho quanto às Tuas vestes, e Tuas vestes como as do que pisa no lagar. Sozinho Eu pisei no lagar, e, do povo, nenhum varão comigo. Por causa disso pisei-os na Minha ira, e os espezinhei na Minha inflamação. Donde a vitória sobre eles espargiu as Minhas vestes... Porque o dia da vingança está em Meu coração, e o ano dos Meus redimidos chegou. Meu braço Me trouxe salvação; fiz descer em terra a vitória dolos. Disse: Eis, eles são Meu povo, filhos... Assim Se fez Salvador para eles. ... Por Seu amor e por Sua clemência Ele os redimiu" (Isa. 63:1-9).
Essas palavras tratam dos combates do Senhor contra os infernos. Pela "veste" que era vermelha e na qual estava honroso se entende a Palavra, à qual o povo judeu fez violência. O combate mesmo contra os infernos, e a vitória sobre eles, se descreve por esta expressão: "que os pisou na Sua ira, e os espezinhou na Sua inflamação". Que o Senhor tenha combatido sozinho, por Seu próprio poder, descreve-se por estas palavras: "Do povo, nenhum varão comigo; Meu braço Me trouxe a salvação; fiz descer à terra a vitória sobre eles". Que, por esse meio, Ele os tenha salvado e redimido, descreve-se por estas palavras: "Assim tornou-Se para eles Salvador. Por Seu amor e por sua clemência Ele os redimiu". Que esta tenha sido a causa do Seu advento, descreve-se por estas palavras: "O dia da vingança está em meu coração e o ano dos Meus redimidos chegou".
[3] Em Isaías:
"Viu que ninguém havia, e admirou[-Se] de que não houvesse quem intercedesse, pelo que Seu braço Lhe trouxe salvação, e a Sua justiça O ergueu; assim vestiu a justiça como couraça, e o capacete da salvação sobre a Sua cabeça, e vestiu as vestes da vingança, e como manto teceu [para] Si o zelo; ... então veio a Sião o Redentor" (59:16, 17, 20).
Estas palavras também tratam dos combates do Senhor contra os infernos, quando estava no mundo. Que, por Seu próprio poder, tenha combatido contra eles, entende-se por estas palavras: "Viu que ninguém havia, pelo que Seu braço Lhe trouxe salvação". Que, assim, Se tenha feito justiça, por estas: "Sua justiça O ergueu; assim vestiu a justiça como couraça". Que dessa maneira os tenha redimido, por estas: "então veio a Sião o Redentor".

[4] Em Jeremias:
"Eles ficaram consternados... os fortes deles foram contundidos... em fuga fugiram, nem olharam para trás. ...Esse dia é para o Senhor JEHOVAH Zebaoth dia de vingança, para fazer vingança aos seus adversários, e para que a espada devore, e fique saciada" (46:5, 10);
o combate do Senhor contra os infernos, e a vitória sobre eles, é descrita aqui pelas expressões "ficaram consternados", "os fortes dentre eles, contundidos, em fuga fugiram, e não olharam para trás". Os "fortes deles" e os "adversários" são os infernos, porque todos lá têm ódio ao Senhor. Por causa disso, o Seu advento ao mundo é entendido por estas palavras: "Esse dia é para o Senhor JEHOVAH Zebaoth dia de vingança, para fazer vingança aos seus adversários".

[5] Em Jeremias:
"Caem os jovens nas praças, e todos os varões de guerra serão cortados naquele dia" (49:26).
Em Joel:
"JEHOVAH proferiu uma palavra... perante Seu exército; ... Grande dia de JEHOVAH, muito terrível. Quem o suportará?" (2:11).
Em Sofonias:
"No dia do sacrifício de JEHOVAH visitarei os príncipes, e os filhos do rei, e todos os vestidos de trajes estrangeiros naquele dia, dia de angústia... dia de trombeta e de clangor" (1:8, 15, 16).
Em Zacarias:
"JEHOVAH sairá, e combaterá contra as nações... como o dia em que Ele combater no dia da batalha... Estarão os Seus pés, naquele dia, sobre o Monte das Oliveiras, que está perante as faces de Jerusalém. ... Então fugireis nos vales dos Meus montes. ...Naquele dia não haverá luz e esplendor. ... JEHOVAH, porém, será por Rei sobre toda a terra; naquele dia, JEHOVAH será Um, e o Seu nome, Um" (14:3-6, 9).
Nessas passagens também se trata dos combates do Senhor. Por "Seu dia" se entende o Seu advento; o "Monte das Oliveiras, que está perante as faces de Jerusalém" era onde o Senhor costumava ficar (Veja-se Mc. 13:3; 14:26; Luc. 21:37; 22:39; Jo. 8:1; e em outros lugares).

[6] Em David:
"Cercaram-Me cordas da morte... cordas do inferno Me cercaram, afrontaram-Me laços da morte; ... por isso enviou dardos... e muitos raios, e os perturbou. Perseguirei meus adversários, e os encerrarei, não retornarei até que os tenha consumido... Feri-los-ei, para que não possam se levantar. ... Cinges-Me de força para a guerra e darás... os adversários em fuga esmiuçarei como pó diante das faces do vento, como lama das praças os reduzirei" (Sal. 18:5, 14, 37-40, 42).
"Cordas" e "laços da morte" que cercaram e afrontaram significam as tentações; visto que elas vêm do inferno, são também chamadas "cordas do inferno". Essas frases e as restantes em todo esse Salmo tratam dos combates e das vitórias do Senhor, pelo que também se diz: "Pões-Me por cabeça das nações; povos que Eu não conhecera Me servirão" (vers. 44, 45).

[7] Em David:
"Cinge... tua espada sobre a coxa, ó Poderoso;... tuas flechas agudas, os povos caem sob Ti, do coração dos adversários do Rei. Teu trono ... para sempre e eternamente;... amas a justiça, pelo que Deus Te ungiu" (Sal. 45:3, 5-7);
essas coisas também se referem aos combates contra os infernos e à subjugação deles, pois em todo o salmo se trata do Senhor, isto é, de Seus combates, de Sua glorificação e da salvação dos fiéis por Ele. Em David:
"Um fogo irá diante d'Ele... inflamará os Seus adversários em redor; ... a terra verá e temerá; os montes derreterão como cera... diante do Senhor de toda a terra. Os céus anunciarão a Sua justiça, e todos os povos verão a Sua glória" (97:3-6).
Igualmente, nesse Salmo se trata do Senhor e de assuntos semelhantes.

[8] Em David:
"Dito de JEHOVAH ao meu Senhor: Assenta-Te à Minha direita, até que ponha os Teus inimigos por escabelo dos teus pés; ...dominar no meio dos teus inimigos. ...O Senhor à Tua direita feriu os reis no dia de Sua ira;... encheu de cadáveres, feriu o cabeça sobre muita terra" (Salmo 110:1, 2, 5, 6).
Que essas palavras sejam pronunciadas a respeito do Senhor, é evidente por Suas próprias palavras em Mat. 22:44; Mc. 12:36 e Luc. 20:42. Por "sentar-se à mão direita" é significada a Onipotência; pelos "inimigos" são significados os infernos; pelos "reis", os que ali estão nas falsidades do mal; "pô-los por escabelo", "feri-los no dia da ira, encher de cadáveres", significa destruir o poder deles; e por "ferir o cabeça sobre muita terra" significa destruí-los a todos.

[9] Visto que o Senhor, só, venceu os infernos, sem ajuda de anjo algum, por isso é chamado: "Herói" e "Varão de guerras" (Isa. 42:13); "Rei da glória", "JEHOVAH forte", "Herói de guerra" (Salmo 24:8); "Forte de Jacob" (Salmo 132:2); e, em muitas passagens, "JEHOVAH Zebaoth", isto é, JEHOVAH dos exércitos da guerra. E o Seu advento é também chamado "Dia terrível de JEHOVAH", "cruel", "de indignação", "de inflamação", "de ira", "de vingança", "de destruição", "de guerra", "de clangor de trombetas", "de tumulto", como se pode ver pelas passagens referidas acima.

[10] Visto que o Juízo Final foi efetuado pelo Senhor, quando veio ao mundo, por meio de combates contra os infernos, e pela subjugação deles, por isso em muitas passagens se trata do juízo que Ele deveria fazer, como em David:
JEHOVAH "veio para julgar a terra; julgará o mundo em justiça, e os povos em verdade" (Salmo 96:13),
assim como em outros lugares. Essas citações vêm da Palavra profética.

[11] Na Palavra histórica, porém, coisas semelhantes foram representadas pelas guerras dos filhos de Israel com várias nações, pois que na Palavra, tanto na parte profética quanto na histórica, tudo o que se acha escrito, foi escrito a respeito do Senhor; daí é que a Palavra é Divina. Nos rituais da Igreja Israelita, como nos holocaustos e sacrifícios, depois nos sabbath e nas suas festas, e no sacerdócio de Arão e dos levitas, estão contidos muitos arcanos da glorificação do Senhor; da mesma forma nos livros restantes, em Moisés, que se chamam "leis", "juízos" e "estatutos", o que também se entende pelas palavras do Senhor aos discípulos:
Que "convinha a Ele cumprir todas as coisas que foram escritas a Seu respeito na Lei de Moisés" (Luc. 24:44),
e também aos judeus:
Que "Moisés tinha escrito a respeito d'Ele" (Jo. 5:46).

[12] Por aí se pode agora ver que o Senhor veio ao mundo para subjugar os infernos e glorificar Seu Humano, e que a paixão da cruz foi o último combate, pelo qual Ele venceu plenamente os infernos e plenamente glorificou o Humano. Mas muitas coisas sobre esse assunto serão vistas na obra seguinte, Da Escritura Santa, onde serão reunidas todas as passagens da Palavra profética que tratam dos combates do Senhor contra os infernos e das vitórias sobre eles, ou, o que é o mesmo, que tratam do Juízo Final feito por Ele, quando estava no mundo. Depois as que tratam da paixão e da glorificação de Seu Humano, que são tantas que, se fossem referidas, encheriam páginas.




O Senhor, pela paixão da cruz, não tirou os pecados, mas os portou

15. Há alguns dentro da Igreja que acreditam que o Senhor, pela paixão da cruz, tirou os pecados e satisfez ao Pai e, assim, fez a redenção. Alguns crêem, também, que, por terem fé no Senhor, Ele levou em Si os seus pecados, carregou-os como se tivesse lançado num profundo mar, isto é, no inferno. Confirmam isso por essas palavras de Jesus em João:
"Eis o Cordeiro de Deus que carrega os pecados do mundo" (Jo. 1:29),
e pelas palavras do Senhor em Isaías:
"Ele levou as nossas doenças, e nossas dores portou; ... ferido por nossas prevaricações, traspassado por nossas iniqüidades, o castigo de nossa paz [estava] sobre Ele... por Suas feridas nos deu a sanidade. ... JEHOVAH fez lançar sobre Ele as iniqüidades de todos nós. O desterro suportou, e foi afligido, todavia, não abriu a Sua boca; como cordeiro para a matança foi levado... da terra dos viventes por causa da prevaricação do Meu povo, a praga deles; para dar os ímpios por Seu sepulcro, e os ricos em Sua morte; ... do trabalho de Sua alma viverá, e ficará saciado. Por sua ciência justificará a muitos, pois que em Si portou a iniqüidade deles... Esvaziou até à morte a Sua alma, e com os prevaricadores foi contado, e o pecado de muitos tirou, e pelos prevaricadores intercedeu" (53:4-12).
Estas palavras foram ditas a respeito das tentações do Senhor e de Sua paixão. E por "tirar os pecados e as enfermidades", como também por "fazer lançar sobre Ele a iniqüidade de todos" se entende o mesmo que "portar as dores e as iniqüidades".


[2] Assim, pois, dir-se-á em primeiro lugar o que se entende por "portar as iniqüidades" e, em seguida, o que se entende por "tirá-las". Por "portar as iniqüidades" não se entende outra coisa senão suportar graves tentações, assim, sofrer como os judeus fizeram com Ele da maneira que tinham feito com a Palavra, pois o trataram semelhantemente, porque Ele era a Palavra. Com efeito, a Igreja que então havia com os judeus tinha sido inteiramente devastada. E foi devastada pelo fato de terem pervertido toda a Palavra, até o ponto de não haver nenhum resíduo do vero. Por esse motivo não reconheceram o Senhor. Fez-se de modo semelhantemente com os profetas, que representavam para eles o Senhor quanto à Palavra e, daí, quanto à Igreja, e o Senhor foi o Profeta mesmo.
[3] Que o Senhor tenha sido o Profeta mesmo, pode-se ver por estas passagens:
"Jesus disse... Um profeta não é menos honrado do que aquele em sua pátria, e em sua casa" (Mt. 13:57; Mc. 6:4; Luc. 4:24);
Jesus disse: "Não convém ao profeta perecer fora de Jerusalém" (Luc. 13:33);
Disseram sobre Jesus: "Ele é o profeta de Nazareth" (Mat. 21:11; Jo. 7:40).
"Apoderou de todos o temor, louvando a Deus e dizendo que um grande profeta foi levantado entre" eles" (Luc. 7:16) .


Que um profeta "sairia do meio dos irmãos, cujas palavras obedecessem" (Deut. 18:15-19).
Que tenha sucedido o mesmo com os profetas, vê-se pelas citações que agora se seguem. Foi ordenado ao profeta Isaías, para que representasse o estado da Igreja,
Que desprendesse o cilício de sobre seus ombros, e tirasse o calçado de seu pé, e fosse nu e descalço por três anos, por sinal e por prodígio (Isa. 20:2-3).
[4] Foi ordenado ao profeta Jeremias, para que representasse o estado da igreja,
Que conseguisse para si um cinto, e o pusesse sobre seus lombos, que não passasse pela água, e o escondesse numa fenda da rocha junto ao Eufrates; que, depois de dias o achasse apodrecido (Jer. 13:1-7).
O mesmo profeta representou o estado da Igreja por isto,
Que não tomasse para si esposa naquele lugar, nem entrasse em casa de luto, nem saísse a lamentar, nem entrasse em casa de banquete (Jer. 16:2, 5, 8).
[5] Foi ordenado ao profeta Ezequiel, para que representasse o estado da Igreja,
Que fizesse passar uma navalha de tosquiadores sobre sua cabeça, e sobre sua barba, e depois a dividisse, e queimasse terça parte dela no meio da cidade, terça [parte] ferisse com espada, terça [parte] espalhasse ao vento, e um pouco deles atasse na roupa e, finalmente, o lançasse no meio do fogo e o queimasse (Ezeq. 5:1-4).


Ao mesmo profeta, para que representasse o estado da Igreja, foi ordenado
Que fizesse vasos de migração, e migrasse para outro lugar, aos olhos dos filhos de Israel, e tirasse os vasos durante o dia, e saísse à tarde por uma abertura na parte, e cobrisse as faces para que não visse a terra; e que, assim, fosse um prodígio para a casa de Israel; e que o profeta dissesse: "Eis, sou um prodígio para vós; da maneira como fiz, assim lhes fará" (Ezeq. 12:3-7, 11).
[6] Ao profeta Oséias, para que representasse o estado da Igreja, foi ordenado
Que tomasse para si uma meretriz por esposa; e que também a recebesse, e ela parisse para ele três filhos, dos quais um se chamou "Jisreel", o outro "Não digno de compaixão", e o terceiro "Não [Meu] povo" (Oséias 1:2, 9).


E, de novo, foi-lhe ordenado
Que fosse e amasse uma mulher amada de um amigo e adúltera, a qual também comprou para si por quinze [peças] de prata (Oséias 3:1, 2).
[7] Ao profeta Ezequiel, para que representasse o estado da Igreja, foi ordenado
Que tomasse um tijolo e gravasse sobre ele "Jerusalém", e fizesse cerco, e fizesse uma trincheira e um amontoado contra ela; pusesse uma panela de ferro entre si e a cidade, e se deitasse sobre o lado esquerdo, e depois sobre o direito, trezentos e noventa dias. Depois tomasse trigo, cevada, lentilha, milho e espelta, e com esses fizesse pão para si, o qual comeria conforme a medida. E, também, que fizesse para si um bolo de cevada com esterco de fezes de homem; e como ele suplicou, foi ordenado que o fizesse com excremento de boi (Ezeq. 4:1-15).
Além disso, os profetas também representaram outras coisas, como Zedequias, pelos chifres de ferro que fez para si (I Re. 22:11), e outro profeta, por ser ferido e cortado, e ter posto cinza sobre os olhos (I Re. 20:35, 38).


[8] Em geral, os profetas, ao usarem uma túnica de pele, representavam a Palavra em seu sentido último, que é o sentido da letra (Zac. 13:4). Por isso Elias se vestia de uma tal túnica, e cingia-se de um cinto de couro em volta dos lombos (2 Re. 1:8). João Batista, semelhantemente, tinha vestes de pelo de camelo, e um cinto de couro em volta de seus lombos, e comia gafanhoto e mel agreste (Mat. 3:4). Por aí se pode ver que os profetas representaram o estado da Igreja e da Palavra. Com efeito, o que representa um, representa também o outro, pois a Igreja provém da Palavra, e segundo sua recepção de vida e fé. Por isso, também, pelos "profetas", onde são nomeados em e outro Testamentos, é significada a doutrina da Igreja proveniente da Palavra, mas pelo Senhor, como o Maior Profeta, é significada a Igreja mesma e a Palavra mesma.

16. Sendo representado nos profetas, o estado da Igreja proveniente da Palavra era o que se entende por "portar as iniqüidades e os pecados do povo". Que seja assim, é evidente pelas coisas que são referidas sobre o profeta Isaías: que ele fosse nu e descalço por três anos, por sinal e prodígio (Isa. 20:3). E sobre o profeta Ezequiel, que trouxesse os vasos da migração e cobrisse as faces para que não visse a terra, e que, assim, fosse um prodígio para a casa de Israel; e, também, que dissesse: "Eu sou um prodígio para vós" (Eze. 12:6, 11).
[2] Que isto tenha sido, para eles, portar as iniqüidades, vê-se claramente em Ezequiel, quando foi-lhe ordenado deitar-se trezentos e noventa dias e quarenta dias sobre os lados esquerdo e direito contra Jerusalém, e comer bolo de cevada feito com excremento de boi. Ali se lê também:
"Tu, deita-te sobre o teu lado esquerdo e sobre ele põe a iniqüidade da casa de Israel; o número de dias que te deitarás sobre ele portarás a iniqüidade deles. Eu, pois, darei a ti os anos da iniqüidade deles conforme o número dos dias, trezentos e noventa dias, para que portes a iniqüidade da casa de Israel. Mas, no momento em que os tiveres completado, jazerás outra vez, sobre o teu lado direito, para que portes a iniqüidade da casa de Judá quarenta dias" (Eze. 4:4-6).


[3] O profeta, ao portar assim as iniqüidades da casa de Israel e da casa de Judá, não as tirou nem, daí, as expiou, mas somente as representou e mostrou. Isto é evidente pelo que se segue ali:
"Assim diz JEHOVAH: Os filhos de Israel comerão seu pão imundo, entre as nações para onde os expulsei. ... Eis que Eu quebro o cetro do pão em Jerusalém... para que careçam de pão e de água, e sejam desolados o varão e o seu pai, e se definhem por causa da iniqüidade deles" (vers. 13, 16, 17).
[4] Semelhantemente, quando o mesmo profeta se mostrasse e dissesse,
"Eis que sou um prodígio para vós", também diria: "Do mesmo modo que fiz, assim lhes fará" (12:6, 11).
E o mesmo se entende a respeito do Senhor, onde se diz:
"Nossas doenças Ele levou; ... nossas dores portou; ... JEHOVAH fez lançar sobre Ele as iniqüidades de todos nós; ... por Sua ciência justificou... a muitos, pois que em Si portou as iniqüidades deles" (Isa. 53:4, 6, 11),
onde se trata, em todo o capítulo, da paixão do Senhor.


[5] Que Ele, como o Maior Profeta, tenha representado o estado da Igreja quanto à Palavra, vê-se por cada uma das coisas da paixão d'Ele, a saber, que foi traído por Judas; que foi preso e condenado pelos principais dos sacerdotes e pelos anciãos; que Lhe deram bofetadas; que Lhe feriram a cabeça com uma cana; que Lhe impuseram uma coroa de espinhos; que dividiram Suas vestes e lançaram sorte sobre a túnica; que O crucificaram; que Lhe deram vinagre para beber; que traspassaram-Lhe o lado; que foi sepultado e, no terceiro dia, ressurgiu.


[6] Que "foi traído por Judas" significava ser traído pela nação judaica, com quem então estava a Palavra, pois Judas representava aquela nação. Que "foi preso e condenado pelos principais dos sacerdotes e pelos anciãos" significava que o fora por toda aquela Igreja. Que "foi açoitado, cuspiram-Lhe na face, deram-Lhe bofetadas e feriram-Lhe a cabeça com uma cana" significava que fizeram de semelhante modo com a Palavra quanto às suas Divinas verdades, todas as quais tratam do Senhor; que "Lhe impuseram uma coroa de espinhos" significava que a tinham falsificado e adulterado"; que "dividiram Suas vestes, e sobre a túnica lançaram sorte" significava que tinham dispersado todos os veros da Palavra, mas não seu sentido espiritual; esse sentido da Palavra era significado pela "túnica do Senhor". Que "O crucificaram" significava que tinham destruído e profanado toda a Palavra". Que "Lhe ofereceram vinagre para beber" significava coisas meramente falsificadas e falsas, por isso não o bebeu, e então disse: "Está consumado". Que "traspassaram-Lhe o lado" significava que extinguiram completamente todo vero da Palavra e todo seu bem; que "foi sepultado" significava a rejeição do humano que restara da mãe; que "no terceiro dia ressurgiu" significava a glorificação.
[7] Coisas semelhantes foram significadas por estas nos Profetas e em David, onde foram preditas. Por causa disso, depois que foi açoitado e saiu portando uma coroa de espinhos, e os soldados lhe puseram uma vestimenta púrpura, foi dito: "Eis o Homem" (Jo. 19: 1, 5). Isto foi dito porque "Homem" significa a Igreja. De fato, "Filho do homem" significa a verdade da Igreja, assim a Palavra. Por aí se pode ver agora o que se entende por "portar as iniqüidades", isto é, representar e figurar em Si os pecados contra as Divinas verdades da Palavra. Que o Senhor tenha suportado e sofrido tais coisas como o Filho do homem e não como o Filho de Deus, ver-se-á na seqüência. Com efeito, "Filho do homem" significa o Senhor quanto à Palavra.

17. Dir-se-á agora alguma coisa sobre o que se entende por "levar os pecados". Por "levar os pecados" se entende o mesmo que redimir o homem e salvá-lo. Porque o Senhor veio ao mundo para que o homem pudesse ser salvo. Sem Seu advento nenhum mortal poderia ser reformado e regenerado, assim, ser salvo. Mas isso pôde ser feito depois que o Senhor suprimiu todo o poder do diabo, isto é, do inferno, e glorificou Seu Humano, isto é, uniu-O ao Divino de Seu Pai. Se essas coisas não tivessem sido feitas, nenhum dos homens poderia receber coisa alguma do Divino vero que fosse duradoura nele, e ainda menos coisa alguma do Divino bem, pois o diabo, cujo poder antes era superior, as arrancaria do coração.
[2] Daí é evidente que o Senhor, pela paixão da cruz, não tirou os pecados, mas os afasta, isto é, remove naqueles que crêem n'Ele, vivendo segundo os Seus preceitos, como o Senhor também o ensina em Mateus:
"Não julgueis que vim para anular a Lei e os Profetas. ... Qualquer que anular o menor desses preceitos, e assim ensinar aos homens, será chamado menor no reino dos céus. Mas quem os pratica e ensina, esse será chamado grande no reino dos céus" (5:17, 19).
[3] Pela razão só qualquer um pode ver, contanto que esteja em alguma iluminação, que os pecados não podem ser tirados do homem a não ser por penitência ativa, qual seja, que o homem veja seus pecados, implore o auxílio do Senhor e desista deles. Ver outra coisa, assim acreditar e ensinar não vem da Palavra, tampouco vem da razão sã, mas da cobiça e da vontade depravada, que são o proprium do homem, pelo que a inteligência se torna estúpida.




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