A TEURGIA
SEGUNDA PARTE
Introdução ao estudo da Kabala mística e prática,
e a operatividade de suas Tradições
e seus Símbolos, visando a Teurgia
Robert Ambelain



Robert Ambelain nasceu no dia 2 de setembro de 1907, na cidade de Paris. No mundo profano, foi historiador, membro da Academia Nacional de História e da Associação dos Escritores de Língua Francesa.´ Foi iniciado nos Augustos Mistérios da Maçonaria em 26 de março (o Dictionnaire des Franc-Maçons Français, de Michel Gaudart de Soulages e de Hubert Lamant, não diz o ano da iniciação, apenas o dia e o mês), na Loja La Jérusalem des Vallés Égyptiennes, do Rito de Memphis-Misraïm. Em 24 de junho de 1941, Robert Ambelain foi elevado ao Grau de Companheiro e, em seguida, exaltado ao de Mestre. Logo depois, com outros maçons pertencentes à Resistência, funda a Loja Alexandria do Egito e o Capítulo respectivo. Para que pudesse manter a Maçonaria trabalhando durante a Ocupação, Robert Ambelain recebeu todos os graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, até o 33º, todos os graus do Rito Escocês Retificado, incluindo o de Cavaleiro Benfeitor da Cidade Santa e o de Professo, todos os graus do Rito de Memphis-Misraïm e todos os graus do Rito Sueco, incluindo o de Cavaleiro do Templo. Robert Ambelain foi, também, Grão-Mestre ad vitam para a França e Grão-Mestre substituto mundial do Rito de Memphis-Misraïm, entre os anos de 1942 e 1944. Em 1962, foi alçado ao Grão-Mestrado mundial do Rito de Memphis-Misraïm. Em 1985, foi promovido a Grão-Mestre Mundial de Honra do Rito de Memphis-Misraïm. Foi agraciado, ainda, com os títulos de Grão-Mestre de Honra do Grande Oriente Misto do Brasil, Grão-Mestre de Honra do antigo Grande Oriente do Chile, Presidente do Supremo Conselho dos Ritos Confederados para a França, Grão-Mestre da França - do Rito Escocês Primitivo e Companheiro ymagier do Tour de France - da Union Compagnonnique dês Devoirs Unis, onde recebeu o nome de Parisien-la-Liberté.



APLICAÇÕES


A. - O Teurgo

Para dizer a verdade, uma discriminação entre os dois sexos, no que diz respeito a prática da teurgia, parece inquietante; e parece que nada pode se opor a hipótese de uma mulher seguindo a ascese kabalística, e aplicando esses ensinamentos. No entanto, devemos observar que o homem sofre maior atração por essas ciências, em sua práticas ativas, que a mulher, que no que lhe diz respeito, se entrega, aos exercícios passivos. A mediunidade, com seus derivados [clariaudiência, clarividência] é mais reservada as mulheres, e a evocação ou conjuração o é ao homem.
A crença em uma inferioridade da alma feminina, com relação a alma masculina, deriva do Simbolismo tradicional, chave e regra da própria Teurgia. Em efeito, a Mulher representa analógicamente a Virgem Mãe, ou seja a Natureza eterna, naturada como naturante. O Homem, exprime primeiro o imagem do Logos, do Verbo Criador, emanador e fecundador dessa mesma Natureza.


Assim como a Virgem Mãe é igual ao Filho e ao Pai na Trindade Divina, a Mulher é espiritualmente igual ao Homem. Mas, assim como a Natureza permanece submissa ao Criador, assim também a Mulher é corporalmente inferior ao homem.
Acrescentemos ainda que sua impureza mensal, que periga sempre, antes, de sujar o solo dos Oratórios ou dos Ocultos [isso pela ausência quase total de lingeries de baixo], e que dura vários dias no mês , faz do corpo feminino um condensador de fluídos puramente mágicos, fazendo por esse próprio ritmo, o elemento lunar da Dupla Humana. A Mulher é em efeito e por seu próprio papel, análoga a Noite, ao Silêncio, a Água, enquanto que o Homem é o elemento solar da dita Dupla, análogo ao Dia, ao Verbo e ao Fogo.
E o ditado popular que diz que "triste é o galinheiro onde a galinha canta e o galo se cala..." parece assinalar bem a importância da palavra masculina, reservando à mulher o papel de suporte fecundo mas passivo, do dito verbo criador.

B. - Conhecimentos necessários

Aquele que quer se tornar um Teurgo deve possuir uma instrução geral pelo menos equivalente a do bacharelato. Nada está claro nas obras modernas como entre os antigos autores. Quer dizer que sólidas noções de latim, grego e sobretudo hebraico são necessárias ! Acrescentemos os rudimentos suficientes de filosofia clássica, de metafísica, e mesmo de teologia, e teremos satisfeito as exigências da bagagem comum. Mas isso não será tudo, pois o Teurgo antigo era ao mesmo tempo um sábio, um sacerdote e um mago...
No domínio dos conhecimentos herméticos, será a mesma coisa. Ele deverá ter lido os clássicos antigos [Agrippa, Paracelso, Fludd, Kunrath, Boehme, etc...] ter sólidas noções de Astrologia, tanto judiciária como kabalística, conhecer as leis gerais, os princípios e vocabulários de Alquimia possuir a fundo as leis e aplicações da Magia. Por fim, e sobretudo, ser um kabalista prevenido. A Kabala é o próprio fundamento da Teurgia. Não queremos dizer que outros exercícios espirituais, repousando sobre usos diferentes ainda que tendendo para o mesmo objetivo, mas derivando de filosofias estrangeiras à Europa, não saberiam conduzir ao mesmo resultado. Mas nesta obra destinada a Europeus, tratamos de Teurgia repousando de um lado sobre um fundo documentário e místico judeo-cristão, e do outro, sobre um fundo mágico celto-místico. Quer dizer que esse será o "clima" medieval e faustiano que permanecerá como a tela de fundo sobre o qual vão desfilar os exercícios espirituais que revelamos pela primeira vez. Fazendo isso, não cometeremos nenhum perjúrio, pois não estamos ligados a nenhum juramento. Pois estas coisas nos vieram pela própria via teúrgica. Elas são o resultado de nossas meditações, de nossas Operações, e somente essas últimas - e seu Ritualismo - constituem um depósito tradicional. Por fim, lhe será necessário ter rudimentos de hebraico, e para tal uma gramática e um dicionário são necessários.

C. - Do Gênero de Vida

Celibatário ou casado, pouco importa. O essencial, é, em um caso como outro, não exagerar a importância da vida sexual.
Uma excitação permanente, penosa de suportar em um organismo jovem, é uma bomba, que se carrega atrás de si. Por outro lado, a repetição freqüente do ato sexual, dos "jogos" voluptuosos muito exaustivos, e muito afeiçoados, são nocivos ao equilíbrio psíquico assim como a elevação espiritual e moral.
Carícias em demasia, ou exageração do ato sexual e frequência, determinam tanto um como o outro obsessões absolutamente contrárias a ascese do Teurgo
No domínio da nutrição, é a mesma coisa. O excesso em tudo é um ponto fraco, e é absolutamente necessário reservar períodos de continência absoluta, e de jejum [parcial ou integral] nas épocas que precedem as grande Operações. Não abusar da carne e dos temperos no regime comum. Suas propriedades psíquicas são continuamente opostas a certos trabalhos.
O único domínio no qual nenhum limite poderia ser admitido, é o da leitura e da meditação que daquela emana. Se dará importância as obras tradicionais: Sepher Jesirah, Sepher-hah-Zohar, e todos os clássico da Kabala: Kircher, Khnor von Rosenroth, Drach, Loriah, etc... [ver essa bibliografia na obra de Papus "A Cabala"].
É necessário viver "em espírito", e isso ao máximo.

INDEX BIBLIOGRÁFICO DAS OBRAS CITADAS PARA
A CONSTITUIÇÃO DA ORATÓRIA DE TEURGIA


AGRIPPA. [H.C.].- A Filosofia Oculta ou a Magia.
AMBELAIN. [R.].- Tratado de Astrologia Esotérica, Tomo II; A Onomância,
- A Geomância Mágica,
- A Talismânia Prática.
BOSC. [E.].- Os Espelhos Mágicos.
GALLAIS. [A.].- Os Mistérios da Magia.
JOIRE. [Dr. P.].- Os Fenômenos Psíquicos e Supranormais.
KUNRATH. [H.].- O Anfiteatro da Eterna Sapiência.
LEVI. [Eliphas].- Dogma e Ritual de Alta Magia.
LE FORESTIER.[R.].- A Franco-Maçonaria Ocultista do século XVIII e, a
Ordem dos Elus-Cohen .
MARQUES-RIVIERE. [J.].- Amuletos, Talismãs e Pentáculos.
MORA. [Pierre]. - As Verdadeiras Clavículas de Salomão.
PAPUS. [Dr.].- Tratado Elementar de Magia Prática.
PIOBB. [P.V.].- Formulário de Alta Magia.
PORTAL. [F.].- As Cores Simbólicas da Antiguidade a nossos Dias.
SABAZIUS. [R.P.].- Envultamento e Contra Envultamento.



C. - Os Objetos Rituais e o Oratório


Nota. - Citando as fontes bibliográficas, nos limitaremos em dar simplesmente o nome do autor, e a página de sua obra, reenviamos o leitor a lista ao da página anterior.

O melhor é evidentemente ter uma peça, especialmente ordenada para esse fim. Quando isso é absolutamente impossível, se montará pelo menos o Altar em um ângulo [Norte ou Levante] de uma peça onde nenhuma atividade grosseira se exerça. Um escritório, um salão [sala de visitas], um estúdio servirão. No pior dos casos um refeitório ou um quarto de dormir. Mas essa última aplicação é desaconselhável no caso do quarto de um casal. Se tratar-se do quarto de um celibatário ou de um solteiro, [quarto individual], evidentemente é conveniente.

A) O Lugar e sua Ordenação.

A peça será atapetada de vermelho, de preferência de um vermelho púrpura ou carmesim. Jamais um vermelho grená, sangue, ou vermelhão. Será sempre um atapetamento novo no caso de uma realização integral do Oratório teúrgico perfeito. Se deixará somente os papéis unido ou imitando mármore. Os ornamentados com motivos diversos, outros que os temas geométricos [gregos, arabescos, etc...] devem ser rejeitados.
As pinturas dos lambris, portas, armações de madeira, serão de uma nuância um pouca mais escura. O teto será pintado com a cor branco gelatinosa, com uma nuância laranja pálida, cor da aurora, açafroada, ou azul celeste. Se possível ele jamais será deixado sem pintar.
Os vidros da [ou das] janela serão cobertos com um papel "vitral" [vitrofania] de bela qualidade e cuja nuância geral será amarela, laranja ou vermelho claro. Um verdadeiro vitral seria perfeito com a condição de não ter nenhum motivo reproduzindo criaturas animadas [animais, flores, pessoas]. Essa interdição, renovada da Lei mosaica, deriva do fato que em um lugar onde reina uma vida oculta intensa, onde os Símbolos, os Pantáculos, dinamizam sem cessar os conceitos cerebrais emitidos pelo ou pelos presentes, as formas pensamentos tendem a se objetivarem através das imagens e das efígies. Daí o erro e o perigo dos ídolos, dos terafins, dos efods, interditos no Antigo testamento.
Nas janelas haverão espessas cortinas da cor do tapete [púrpura ou carmesim], de maneira a velar as janelas quando cai a noite e conservar o calor no inverno, o que tem sua importância. O frio dificulta considerávelmente a atividade espiritual. A porta será guarnecida de uma portinhola da mesma cor. Como tecido, é aconselhável o veludo, pois é um bom condutor magnético [assim como a cera, a gelatina, a clara de ovo].
O solo, soalho de madeira, lajeado ou material composto, será recoberto inteiramente por um estofo espesso, plano, vermelho, jacinto, azul marinho ou na falta destas cores, qualquer outra nuância carregada.
O nome do Oratório, ou "ocultum", é empregado por numerosos autores. O tipo de oratório ideal para o praticante de Magia foi descrito em "Na Sombra das Catedrais", páginas 20, 21 e 22. O teto pintado de azul foi tirado da tradição maçônica, que o quer assim para suas Lojas. A presença de um vitral foi igualmente justificada em nossa obra "Na Sombras das Catedrais", nas páginas 217 e 218. Finalmente, um "Ocultum" foi representado [sob esse nome], na gravura da página 23 do livro de Sabazius: "Envultamento". As nuâncias tradicionais prescritas para a tapeçaria do dito Oratório são extraídas do texto do Êxodo [jogo de tapeçaria do Tabernáculo, do Santo dos Santos do Templo de Salomão, etc...]

B) O Mobiliário do Oratório.

O mobiliário se comporá de um Altar, de uma Cadeira, de dois Armários, de uma Mesa, de uma Estante, aos quais se poderá acrescer para certos exercício: um "tapete para preces" especial, ou, uma cadeira individual para orar [móvel sobre o qual se ajoelham para orar e que tem a forma de uma cadeira baixa].
Esse último móvel é, para dizer a verdade pouco usado entre os hermetistas. Mas para meditação onde frequentemente se usa a forma adoratória, de longa duração, ele tem sua vantagem. Além do que, a posição do Teurgo, ajoelhado, logo de pé, sua contemplação no Oratório, são geradores de um estado mental muito particular. Por ele, o subconsciente nos conduz para certos estados que nenhuma atitude poderia suscitar.
a) O Altar. - Seja baú, de 80cm a 90cm de altura, seja mesa retangular, de mais ou menos 130cm x 70cm . Se for preferido o baú se pode então suprimir um dos dois armários. Ele servirá nesse caso para guardar certos acessórios de uso corrente: perfumes, carvão para incensário, óleo para a lâmpada, pergaminhos, resinas etc...
A presença de um Altar no Oratório é destacada pelos seguintes autores: Agrippa, livro IV, Pg. 35; Eliphas Levi, tomo I, Pg. 267; Alphonse Gallais, Pgs. 98, 99; P. Piobb, Pg. 231, Papus, Pg. 296; R. Ambelain "Catedral" Pg. 67. Ele é de madeira e frequentemente serve de baú para guardar acessórios.
b) Cadeira individual para Orar. - Ela serve, já o dissemos, para longas orações de forma semi meditatória, semi adoratória. Ela será de um modelo clássico, nela fixaremos uma almofada de cor vermelha, com o auxílio de quatro cordões se ligando aos dois montantes e aos dois pés. Isso com a finalidade de se estar cômodo. Uma posição prolongada, dolorosa aos joelhos que a suportam, é contrária à uma perfeita abstração intelectual. Mas um tapete quadrado é bem preferível do ponto de vista tradicional.
c) Cadeira. - Confortável, tipo das cadeiras poltronas, estofada, e junto a cadeira individual para orar.
d) Armários. - Se viu que, um deles, pode ser substituído pelo baú do Altar. Caso contrário, se escolherá o que tenha prateleiras interiores, para guardar os mesmos acessórios que seriam destinados ao baú [pergaminhos, resinas, carvões, etc].
A presença de um ou vários armários em um Oratório de Magia é assinalada por: Pierre Mora, Pg. 13 e 14 ; Papus, Pg. 297; Alphonse Gallais, Pg. 98. Sei destino é o habitual.
O segundo sem prateleiras internas, servirá como "guarda-roupas". Em seu interior será fixado um triângulo, com alguns cabides. Ele é destinado a abrigar as Vestimentas rituais, de um lado, e as "profanas" do outro. Para separar essas duas categorias, uma ritualmente consagrada, a outra profana [e impregnada de "lembranças" e imagens continuamente impuras e grosseiras], se dividirá o armário em duas partes, por uma divisão interior, vertical, de madeira.
e) Mesa. - É destinada para diversos trabalhos. Nela se faz a trituração das resinas aromáticas, suas misturas dosadas, a fabricação de tintas e "cálamos" talismânicos, a cópia dos textos rituais, a leitura, os trabalhos de estudo, etc... Mesas de "correspondências" analógicas poderão ser fixadas na parede, abaixo dessa mesa, quadros extraídos da "Virga Áurea", ou do "Calendário Mágico", de Duchanteau.
f) Estante. - A estante é uma escrivaninha alta, em madeira, destinada a sustentar o Ritual do Teurgo, chamado ainda de "Sacramentário". A pessoa mesma poderá fazê-la, tomando como modelo as escrivaninhas de partituras musicais, destinadas aos maestros de orquestra. Pode ser de madeira ou metal, é indiferente. Mas é preferível a madeira apesar de tudo, pois é necessário evitar grossas massa metálicas, em certos trabalhos, que se ligam mais a Magia prática que a Teurgia, trabalhos inevitáveis em certas fases do treinamento teúrgico.
Uma estante ou escrivaninha, destinada a sustentar o Sacramentário, figura entre as gravuras antigas representando um Oratório mágico. Simplesmente citemos Kunrath, na lâmina II de seu "Anfiteatro" e Alphonse Gallais, Pg. 49 [gravura], de seu livro.
g) Biblioteca. - Uma excelente medida consiste em instalar a biblioteca hermética no Oratório. Se suprime assim as idas e vindas cansativas, e mesmo para simples leitura, o Oratório é um excelente ambiente.

Nota. - Todos esses móveis serão de nuâncias escuras. Se for utilizados móveis em madeira branca, anteriormente os cobriremos de castanho escuro, e a seguir os encausticaremos regularmente.

C) Os Acessórios comuns

Eis os acessórios indispensáveis.

1° Um morteiro e seu pilão, destinados a reduzir em um pó fino as resinas aromáticas, geralmente vendidas em lágrimas. Se deve comprar as resinas neste estado em vez de á pulverizadas, nas quais se arrisca encontrar um pouco de tudo. Se pode pulverizar as lágrimas resinosas as esmigalhando anteriormente entre duas placas de zinco ou de cobre, em uma prensa. Se obtém assim uma pasta de pó compacta, que a seguir é rapidamente reduzida a pó no morteiro.
2° Uma colher de prata para efetuar as misturas dessas resinas juntando assim as "partes" impostas pelas fórmulas de composição.
3° Duas dúzias de vasos de vidro, de meio litro, para conservar as resinas puras, as misturas definitivas, os produtos acessórios [carvão de álamo pulverizado, sal de nitro, etc...]. Uma etiqueta será colocada sobre o vidro, tendo em letras grandes o nome do conteúdo. Não escrever com letras pequenas, pois geralmente é difícil de ler uma escrita pequena, com a claridade reduzida no Oratório no momento das Operações.
4° Pergaminho. Uma certa quantidade de pergaminho será reservada, as folhas estarão bem lisas. Se usará o verdadeiro pergaminho e não uma imitação qualquer [papel sulforizado]. O verdadeiro pergaminho é de pele de cordeiro, carneiro, cabra ou de terneiro. Ele serve para traçar os Pantáculos comuns. São encontrados facilmente entre os pergaminheiros. Para não perder tempo, se cortará as partes ainda rugosas e se retalhará ligeiramente os lados.
O emprego de pergaminhos virgens não é novo. Pedro Mora, Pg. 18; Papus, Pgs. 312 e 315; R. Ambelain ["Catedrais"], Pgs. 22 e 276, se estendendo longamente a esse respeito, assim como Alphonse Gallais, Pg. 100, e Agrippa, livro IV, Pg. 31.
5° Penas. Afim de se associar simbolicamente a Natureza, a sua ação, o Teurgo não utiliza penas de aço ou de ferro. Utilizará penas de pato, de pomba, de rola, de águia, animais solares [jamais penas de aves noturnas, corvos, pássaros, etc...]. Continuamente se encontram essas penas de pato no comércio, todas as trabalhadas, nas papelarias de porte médio. Podem ser substituídas por um pincel fino.
Utilizará também um esquadro de 45° e outro de 60°, um transferidor, um compasso, vários lápis, uma régua plana, destinados ao traçado de esquemas preliminares.
Pierre Mora, Pg. 21, indica a pena de corvo para talismãs. O uso antigo da pena de pato é conhecido! Papus cita, Pg. 315, de seu livro: "Exorcismos das penas... tu molharás aí a ponta das plumagens...".
Esses objetos serão colocados na gaveta da Mesa comum, e uma pasta, uma pequena prancha para desenho, completarão esse conjunto, com um tinteiro, um porta pena, uma borracha, etc...
6° Tintas. Em Teurgia operativa, podemos nos servir, sem nenhum inconveniente, de tintas do comércio. Somente a cor é simbólica, e os ingredientes que entram em sua composição só tem importância no domínio da Magia pura. Quatro tintas serão suficientes: negra [da China], Azul [ultramar], vermelho [carmim ou papoula], e verde [de um belo verde jade].
7° Brasas. O melhor será ter carvões especiais destinados aos incensários de Igrejas, e que se encontram nos comerciantes especializados em acessórios e objetos litúrgicos. Eles acendem facilmente na chama de uma tocha. Se custarem para queimar, será suficiente os passar momentâneamente por um forno quente, para os secar, sem os acender.
O uso de brasas, aglomerados especiais de que se serve a Igreja Católica, foi assinalado desde 1937 na Pg. 217 de nossa obra "Tratado de Astrologia Esotérica, 2° vol. : A Onomância".
8° Perfumes. O simbolismo atribui um perfume a cada um dos sete planetas primitivos. Levando em conta isso, se encontrará facilmente as múltiplas correspondências do Setenário, unindo as resinas e perfumes ao Macrocosmo.

Eis essas atribuições:

- incenso............................................Sol]
- mirra................................................Lua
- galbanum..........................................Marte e Terra
- benjoin de Sião.................................Júpiter
- benjoin de Sumatra...........................Mercúrio
- sândalo.............................................Vênus
- estoraque..........................................Saturno

Comumente, se utilizam somente misturas conforme fórmulas bem definidas, e extremamente antigas. Eis algumas escolhidas entre as mais usuais.

Incenso dos Rosa-Cruz: incenso de Olíbano puro:..................250 partes
mirra:................................... ............200 partes
benjoin de Sião:................................125 partes
estoraque:...........................................60 partes
cascarilha:.. ........................................30 partes
açúcar em pó. .....................................50 partes
carvão de madeira pulverizado:.........100 partes
sal de nitro:.. .......................................75 partes

Incenso de Igreja : incenso de Olíbano puro:...........................450 partes
benjoin de Sião:.........................................250 partes
estoraque:..................................................120 partes
sal de nitro:................................................150 partes
açúcar em pó:.............................................100 partes
cascarilha:.....................................................60 partes

Incenso dos Magos: incenso de Olíbano puro:.....................240 partes
mirra:...................................................240 partes
benjoin da Sumatra:.............................120 partes

Incenso de Jerusalém: sândalo:..............................................350 partes
incenso de Olíbano:............................250 partes
mirra:..................................................200 partes
benjoin de Sião:...................................125 partes
estoraque:..............................................60 partes
açúcar em pó:........................................50 partes
sal de nitro:........................................... 30 partes
carvão de madeira pulverizada:............100 partes

O emprego de resinas aromáticas, incenso, mirra galbanum, é antigo como o mundo, já o Antigo Testamento fala dele. Ver as correspondências planetárias, dadas por nós na "Na Sombra das Catedrais".
Quanto as três outras fórmulas dadas por nós: "Incenso dos Rosa-Cruz", "Incenso dos Magos" e "Incenso de Jerusalém", retificadas por nós em suas proporções, elas são de nossa propriedade. Fomos os primeiros em divulgá-las, e por isso interdizemos o emprego comercial desses três nomes.
Sempre será interessante acrescer as ditas composições, carvão de madeira pulverizado e sal de nitro nas proporções respectivas de 1/8 e 1/10. Esses ingredientes facilitam a combustão, e evitam que as resinas se tornem "gomas" e de apagarem o fogo. Se encontram em todas as drogarias e farmácias, etc...
Se ensaiará, em pequenas quantidades, essas diversas misturas e se verá quais são os efeitos particulares sobre o psiquismo do Operador. Em efeito são elas que servirão a este de veículo, de carro condutor, para se elevar e alcançar estados de consciência, interditos habitualmente ao profano. O que for julgado mais "místico" será usado para as meditações de adoração; o julgado mais "intelectual", para as meditações e especulações puramente doutrinais. O mais grave, mais pesado, mais misterioso, para as evocações. Etc..
9° O óleo de Unção. Será necessário para as cerimônias consagratórias dos Objetos ritualísticos, das Vestimentas litúrgicas, e para os diversos "sacramentos da Ordem" que poderá transmitir o Teurgo à seus discípulos.
Eis o que dá as antiquíssimas "Clavículas de Salomão" e que nós mesmos utilizamos:

- Mirra.....................................................100 partes
- Canela fina pulverizada..........................200 partes
- Raiz de Galanga das Índias......................50 partes
- Óleo de Oliva puro................................200 partes

Se obterá assim uma pasta untuosa que será guardada em um recipiente de vidro sem pescoço apertado. Se tampará herméticamente. Após seis meses, se porá essa pasta em um linho fino e se prensará docemente, de maneira a espremer o Óleo, que se recolherá assim perfumado em um pequeno frasco. Esse último deverá ter uma fechadura dita "a esmeril".
Eis aquele dos pontífices de Israel, que serviram no Templo de Jerusalém, a ordenação dos grandes sacerdotes, e como nos ensina o Êxodo [XXX, 23, 24, 25]:

- Mirra dissolvida no álcool...................................500 ciclos
- Cinamomo [canela] pulverizado..........................250 ciclos
- Cana aromática....................................................250 ciclos
- Cássia..................................................................500 ciclos
- Azeite de Oliva.................................................. .um "Hin".

A fórmula aqui publicada é aquela dada no manuscrito do século 18, da Biblioteca do Arsenal, proveniente do fundo Paulmy d'Argenson, e intitulado: "A Sagrada Magia de Abramelin o Mago". O emprego do azeite de unção é assinalado por Agrippa em seu IV livro, Pg. 35.


D) Os Objetos Litúrgicos.

Se chama Objetos litúrgicos àqueles destinados a "figurar" permanentemente ou em certas fases das Operações, sobre a pedra do Altar propriamente dito. Liturgia é uma palavra derivada do grego lithos: pedra, e ergon: obra; a liturgia é o trabalho sobre a "pedra" ou talhação da "pedra" simbólica...
Esses Objetos são para a Teurgia que nos ocupa:

- a Toalha do Altar,
- a Pedra do Altar,
- os Flamejantes, compreendendo os Candelabros, os Círios, os Cherubs.
- a Lâmpada Veladora,
- o Incensário e sua Naveta,
- a Esfera de Cristal,
- o Grande Pentáculo metálico,
- o Lucífero, ou círio de ação,
- os Pentáculos,
- a Vara de Amendoeira.

1) A Toalha do Altar. - de fazenda branca, com uma aba larga, bordada, igualmente branca. Será coberta com uma toalha, vermelha carmesim, cobrindo toda a superfície superior do Altar, toalha que será bordada com um cordão de ouro. Para cerimônias que seguirem o ritmo da "Hebdômada" planetária, se poderá adotar uma toalha superior da cor do dia em que se operará:

Domingo:....................Sol.................... Amarelo Laranja.
Segunda:.....................Lua....................Azul Pálido.
Terça:..........................Marte................Vermelho vivo.
Quarta:........................Mercúrio...........Amarelo ou Gris prata.
Quinta:........................Júpiter................Púrpura ou Violeta.
Sexta:..........................Vênus................Verde jade.
Sábado:.......................Saturno..............Índigo, Azul marinho, Castanho claro.

O emprego de toalhas para os altares mágicos é testificado por Agrippa, livro IV, Pg. 35, por Papus, Pg. 297, e outros autores.

2 ) A Pedra do Altar. - Se buscará uma placa de mármore branco de 65cm de lado e uma espessura de 20mm. Se pode fazer gravar aí, de um lado o Pentagrama, do outro o Hexagrama, depois dourar esses traçados. Se adotará um desses lados ou o outro, conforme a polaridade ritual [ver as correspondências dessa figuras].
O emprego de uma pedra sobre o altar mágico é assinalado por Eliphas Levi, tomo I, Pg. 267 e 268, e por nossa obra: "Na Sombra das Catedrais", Pg. 257.

3) os Flamejantes. a) Candelabros. Geralmente dois são suficientes para iniciar. Mas logo, se constatará que para simbolizar certas Forças, certos, Atributos, são necessários quatro, mesmo cinco. Se poderá adquirir todos desde o início. Encontramos uns muito belos nos antiquários.
b) Velas. O melhor será procurar os círios chamados em "cera litúrgica" [estearina com 40% de cera de abelha], e que são destinados a guarnecer os dois castiçais, necessáriamente colocados de um lado e do outro do Crucifixo, sobre o altar católico, simbolizando os dois grandes Arcanjos, Miguel e Gabriel, os dois Luminares Sol e Lua, ou conforme outros simbolistas, as duas outras pessoas da trindade: Pai e Espírito Santo.
c) Os Cherubs. - Destinados a representar os "Animais Santos" ou Haioth-hah-Kadosh de Ezequiel, se pode adotar Esfinges, ou duas figuras, uma masculinas e a outra feminina. Se encontrará esses porta livros, ou essas canetas de cobre, que servirão perfeitamente. No caso dos porta livros, é preferível que sejam de madeira antes que de gesso ou em material aglomerado.
d) Candelabro de Sete braços. - Em geral ele não é necessário, mas poderá aparecer em certas cerimônias, que falaremos mais tarde.
O emprego dos castiçais e velas é testificado por: Agrippa, livro IV, Pg. 35 e 38; Pierre Mora, Pg. 149; Papus, Pg. 306; e por R. Ambelain, no "Tratado de Astrologia Esotérica", [A Onomância] Pg. 217, e na "A Geomância Mágica", Pg. 37.

4) A Lâmpada Veladora. - Veladora de santuário, de capela, ou de coro de igreja, com pé de cobre dourado, ou em prata dourada, com vidro vermelho rubí pintado na massa. Uma lâmpada de mesquita não seria o ideal, pois o vidro é de uma bela nuância verde filigranada de ouro, e isso modifica considerávelmente o ambiente de nosso Oratório. A orientação mística seria muito diferente. Essa lâmpada tem sua utilidade como símbolo do Fogo [Schin], sobre o Altar propriamente dito. Seu lado prático reside no fato que ela é pouco luminosa, permitindo assim revelar facilmente as aparições, e sobretudo que ela emana logo que acesa, uma intensa atmosfera mística e religiosas. Se escolherá uma veladora para azeite bem entendido, com o vidro desabrochando em forma de cálice floral, ou de útero, mas aí se queimarão mechas em cera ou estearina, de uma duração de oito horas mais ou menos. Pois o óleo, além do que se engraxará todo o vidro da lâmpada, por capilaridade, corre-se o risco de derramar sobre o Altar e o solo, fazendo assim irreparáveis danos.
O emprego de uma lâmpada especial, tipo lâmpada de santuário, é aconselhado e descrito no manuscrito citado antes: "A Sagrada Magia de Abramelin o Mago"[Biblioteca do Arsenal], e por Eliphas Levi: Tomo II, Pg. 132 e 133, e Pg. 102 [gravura], Alphonse Gallais dá na Pg. 32 uma lâmina que mostra uma lâmpada desse gênero.

5) O Incensário e sua Naveta. - Incensário de Igreja, ou na falta deste um incensário oriental, ambos de cobre, dourado ou não. No último caso, se suprimirá da cobertura o crescente lunar. Mas é preferível, o incensário de igreja, com suas correntes, pois facilita os incensamentos rituais no espaço, ao redor do Teurgo. Com um incensário comum, arriscamos queimar os dedos no final de pouco tempo.
O incensário será acompanhado de uma Naveta, pequeno recipiente em forma de barco ou de lâmpada antiga, igualmente de cobre, dourado ou não, e destinado a receber o Incenso. Ela também é, colocada sobre o Altar, ao lado do incensário. Geralmente uma pequena colher a ela está ligada por uma pequena corrente.
Kunrath, em sua lâmina 11 do seu "Anfiteatro da Eterna Sapiência", mostra um incensário figurando entre os objetos do Laboratório Mágico: Agrippa em seu livro IV, Pg. 36, o menciona entre os objetos rituais do mago; Piobb, Pg.240 o cita igualmente. O fato de acrescermos uma naveta não é extraordinário em si, sendo dado que o incensário sempre é vendido com ela. O incensário, por suas correntes, permite fumigações circulares, que a queima de perfume comum não permite.

6) A Esfera de Cristal. - Bola de cristal, maciça bem entendido. Essa bolas chamam-se ainda "Espelhos hindus". São destinadas comumente as operações de vidência [cristalomância]. É necessário que ela tenha um diâmetro de 10cm a 15cm, e de formato bem esférico. Não usaremos o suporte de madeira que a acompanha, o substituindo por um copo de cobre, no qual se embutirá bem a base da esfera, afim de que essa não oscile. Um incensório em forma de copa, tipo oriental serviria bem, mas seria necessário adotar uma base cônica ou em forma de tronco de cone, pois um incensário com três pés arriscaria oscilar facilmente. Sob a bola, na copa, se porá um pouco de água, de maneira que ele se banhe. Aí será depositado também um pequeno Pantáculo de metal ou pergaminho, logo veremos qual. A água poderá ser substituída por areia de rio muito fina.
Essas bolas, servindo ao mesmo tempo de espelho mágico e de condensador, são vendidas nas livrarias ocultistas a mais de trinta anos, tanto na França como no estrangeiro. Fabricadas pela casa Carl Zeiss, em Iena, as melhores foram, antes da guerra, para os templos da Ásia. Essas bolas são sempre vendidas com um suporte em madeira negra, ligeiramente entalhada, afim de que se possa umectar a base da bola. Elas são citadas no livro de Bosc: "Os Espelhos Mágicos" [Paris 1912], e pelo Dr. Paul Joire, em sua obra "Os Fenômenos Psíquicos" [Paris 1909]. O fato de juntar a ela um Pantáculo em pergaminho, sob a bola, assim como diz nossa "Talismânia Prática", é inédito.

7) Os grandes Pentáculos Metálicos - O dito Pentáculo é uma realidade dupla. Um Hexagrama [Selo de Salomão] e um Pentagrama [estrela de David], um de chumbo, o outro de cobre [regularmente deveriam ser respectivamente de prata e de ouro], contidos em uma circunferência de 20cm a 30cm de diâmetro, e que serão utilizados simultâneamente. Um deles é vertical, e preso a parede acima do Altar, entre as duas velas colocadas um pouco a frente, o segundo está, diante da Lâmpada e entre essas duas Velas, um pouco atrás do Incensário e da Esfera de Cristal [no centro do triângulo formado pela Lâmpada - Incensário - Esfera]. Nenhum deles deve ter um círculo ao redor, ao contrário, as pontas das estrelas devem brilhar livremente.
O Hexagrama significa "Rigor" [Salomão significa prisão, punição, em hebraico], o segundo "Misericórdia" [em hebraico, David significa o Amor]. Para o primeiro há dois sentidos: Salém ou Salom: Paz, Equilíbrio, Beatitude, ou ainda Shlom: Rigor, Punição, Prisão. Foi desse selo que se serviu Salomão para aprisionar os gênios, nos diz sua lenda... O Pentagrama é , indiscutivelmente a estrela da luz, do amor, pois que é símbolo de Vênus, de Anael, e em correspondência com o patamar sephirótico equivalente. O Hexagrama é a Fé, Inteligência. O Pentagrama é o Conhecimento, a Esperança e a Caridade. O Hexagrama é a imagem do Pai, o Pentagrama a do Filho.
O fato de fazer figurar acima do Altar um Pentáculo, e no dito Altar, outro, o fato de não utilizar lá a não ser o Pentagrama [estrela de cinco pontas] e o Hexagrama [estrela de seis pontas] não é novo. Eliphas Levi, tomo I, Pg. 268 , e tomo II, Pg. 96; Agrippa, livro IV, Pg. 35, o ensinam.

8) O "Lucíferum", ou Círio de Ação. - Se chama lucíferum um círio especial, análogo àquele que levam os penitentes e os fiéis nas procissões ou cerimônias religiosas. Se escolherá um círio alto de mais ou menos um metro, e de diâmetro na base de 40mm até 15mm na outra extremidade. Será forrado com um brocado de veludo vermelho, com franja de ouro [o veludo, a cera, a gelatina, o carvão de madeira, são corpos que condensam perfeitamente a "luz astral"]. Esse brocado será fixado na altura de um terço mais ou menos da base. Como o círio é cônico, o brocado poderia resvalar, ele será fixado por duas cordas de seda.
A substituição da Baqueta de amendoeira ou da aveleira dos magos de antes, por um círio de cera, é conhecido. Le Forestier, em seu livro sobre "Os Elus Coehn", Pg. 85, cita os textos do século XVIII, tirado das cartas de Martinez de Pasqually a seus discípulos, que mostram estes utilizando a vela de cera em lugar de baqueta de ação.
Sobre a cera, imediatamente antes de sua consagração, se gravará na base, debaixo do brocado, com o auxílio de uma agulha de prata ou de cobre [melhor seria de ouro], os "Nomes Divinos" abaixo, cada um deles acupando um dos quatro setores da seção:

"Bachour" [Claridade].
"Niah" [Deus de Luz].
"Ziah" [Deus Brilhante e Luminoso].
"Diah" [Portas da Luz].

No alto, bem próximo da extremidade do Círio, antes da saída de mecha, se gravar o quinto Nome Divino hebraico:
"Aeyahouah".

Acróstico da frase em hebraico significando "Deus disse que a Luz seja..."[Gên.I,3].
O Lucíferum é a Baqueta mágica do Teurgo, ele substitui a vara de amendoeira, de aveleira, de que falam os rituais mágicos comuns. Fora de seu uso e de seu lugar na mão direita do Teurgo, ele ficará fixo sobre um castiçal, ao pé do Altar.

9) A Espada. - Espada de lâmina reta, pontuda e com fio duplo [seção em losango], o punho de corno branco, negro ou amarelo, o pomo e a cruzeta em cobre, dourado ou não. Aguarda deverá ser sempre em forma de cruz. Uma espada maçônica antiga serviria muito bem, visto os símbolos que ela contém, significando a construção de um templo ideal, tanto terrestre como celeste. Ela terá o comprimento de 80cm a 90cm. Sobre a lâmina se fará gravar a seguinte inscrição em hebreu:
"Agla"
acróstico kabalístico da célebre divisa [tirada do Êxodo]:
"Atha Gibor Leolam Adonai", ou seja, "o Senhor Rei é Grande na Eternidade".
Na outra face, se fará igualmente gravar a palavra:
"Makaba"
acróstico dessa outra divisa kabalística :
"Mi Komoikou boëlim Adonai", ou seja "Quem é semelhante a ti entre os forte, ó Eterno?" [Êxodo, XV, 11].
O emprego de uma espada especial em Magia, é conhecido. Agrippa, livro IV, Pg. 43; Eliphas Levi, tomo I Pg. 268, e tomo II Pgs. 131 - 132, falam a respeito. Esse último autor a reproduz em um dos desenhos que ornamentam o tomo II. Alphonse Gallais, Pg. 32, mostra o mago armado da Espada cerimonial das conjurações. Em nosso livro "Na Sombra das Catedrais" falamos a esse respeito.

10) Pantáculos peitorais e dorsais. - Nas operações de exorcismo de conjurações antidemoníacas, quando se estiver em contato diretos com as Forças saídas dos Quliphoth, será conveniente levar dois pantáculos, um sobre o plexo solar, outro nas costas, na mesma altura. Eles serão constituídos por duas placas de chumbo de mais ou menos 20cm de diâmetro, com a espessura mínima de 1cm [peso total: 6kg mais ou menos], tendo gravadas as figuras do Hexagrama e do Pentagrama. O primeiro será peitoral [peito], o segundo dorsal, conforme os períodos da Operação. A essas figuras se poderá acrescentar, inscrições kabalísticas tiradas da Escritura . Eles serão levados com o auxílio de duas correias passando pelos ombros, e fixados sobre o torso por dois cordões de veludo vermelho unindo a ambos.
O uso necessário do Pentagrama e do Hexagrama, como Pantáculos protetores, do próprio Operador, é testificado por Eliphas Levi, tomo II, Pgs. 66 e 96. Citamos os Pantáculos peitorais e dorsais de chumbo, em "Catedrais", Pgs. 60, 61, 64,65,66,67.
O próprio Operador os pode fundir com o auxílio de um saco de funileiro [na falta de um antigo fogareiro de funileiro]. Se prepara antecipadamente um molde de gesso, em um prato ou um recipiente de metal. Quando o chumbo estiver líquido, o coamos docemente no molde; se retira com o auxílio de uma forquilha ou de uma colher de ferro as escórias que flutuam na superfície, e depois se deixa esfriar. Quando estiver bem seco se retira do molde. Cuidar bem para que nenhuma umidade permaneça no gesso. Isso poderia desencadear o borbulhamento de metal em fusão.
Se traça o desenho sobre a placa de chumbo com o auxílio de uma ponta metálica ou de um lápis de cor. Se recorta o desenho, entalhando a placa sobre uma espessura de pelo menos 3mm com o auxílio de um buril [com 10mm ou 12mm de comprimento]. Em seguida se ataca o metal com uma serra metálica. No pior dos casos, uma "hégoïne" de madeira é suficiente.
Se pule as partes brutas com uma lima, depois com um esmeril. Se pule as duas faces, pois uma delas tem geralmente numerosas "falhas" [ocos], conseqüentes do esfriar do chumbo.
De nossa parte, damos a preferência aos Pantáculos sem círculos. As pontas das estrelas ficam então mais expostas, brilhando assim mais livremente, o que é essencial. O círculo modifica o brilho do Pantáculo.

E) Vestimentas Rituais.

O conjunto é formado por vestimentas de baixo e vestimentas simbólicas. As primeiras tem por objetivo evitar ao Operador ter de conservar intimamente roupas poluídas pelo uso ou o contato dos órgãos corporais. As segundas tem por objetivo fazer do Teurgo um verdadeiro microcosmo, onde os símbolos e os paradigmas, exprimidos por bordados, estabelecem pontos de contato com os Atributos superiores do Macrocosmo. Em seguida os veremos.
a) Vestimentas de baixo. - O Operador se contentará com uma camisa em tela de linho, e uma cueca do mesmo tecido. A camisa será de manga longa, fechada nos punhos, e uma gola que se fechará por um entalhe em fita ou cordão. A cueca será curta, no máximo até os joelhos. Será apertada na cintura por um entalhe, ou melhor ainda, por uma presilha com botões, ou uma fita elástica.
b) Vestimentas Simbólicas. - Serão compostas de um robe e de um Manto, de uma Mitra ou de uma Tiara e de Sandálias.
O Robe será uma longa túnica caindo até o chão, a poucos dedos do solo. As mangas serão fechadas nos punhos, como as da camisa afim de evitar de derrubar alguma coisa sobre o Altar. A gola será fechada na nuca ou sobre o peito a escolher, por três ou cinco botões forrados de mesma fazenda. Será apertado na cintura por uma cinta constituída por uma tira de tecido ou por um grosso cordão, da cor um pouco mais escura do que o Robe.
Podemos ter um só robe para começar. Ela será então branco. Se for possível, se terá então três, destinados as seguintes operações:
a) Robe púrpura ou carmesim: Cerimonias de Evocação, Invocação das Potências do Alto.
b) Robe branco : Operações de Terapêutica oculta; magnetismo etc...
c) Robe negro : Exorcismos, conjurações das Forças Maléficas e Meditações ou Exercícios espirituais.
Esses robes serão de linho ou seda, na falta, de cetim.
Vestimentas de baixo são citadas por Alphonse Gallais, na Pg. 120, e também por diversos autores antigos.

Vestimentas Simbólicas.

Os robes são citados como um costume indispensável em magia cerimonial por Piobb, Pg. 2341; Eliphas Levi, Pg. 268, do tomo I; Agrippa, livro IV, Pgs. 35 e 36; e por nós, em "Catedrais", Pg. 21.
Deixamos claro que é necessário um ou três. A necessidade do ternário, em Magia prática, é demonstrado e desenvolvido por Eliphas Levi em seu tomo II, Pg. 64.
As nuâncias desses três robes são tiradas das prescrições do Antigo Testamento, da roupa da Grande Sacerdote de Israel. A razão e o significado dessas cores são dados pelo barão de Portal em seu livro "Das Cores Simbólicas", [Paris 1837], Pg. 142.
O uso das sandálias é dado por Le Forestier, Pg. 78 de seu livro sobre os "Elus Coehn", e por Pierre Mora, Pg. 21 da mesma obra.
O fato de usar uma tiara frontal é testificado pelos seguintes autores: Agrippa, livro IV, Pgs. 36 - 38; Eliphas Levi tomo I, Pg. 268; por Piobb, Pg. 231; por nós em "Catedrais", Pg. 22 e 67; na "Geomância Mágica", Pg. 39; e a mitra aparece na gravura da Pg. 49 do livro de Alphonse Gallais, representando um mago que vai operar.
Nos pés, o Teurgo terá Sandálias, sem salto, de couro, tela, espartaria, etc... Se prescreverá a borracha, muito isolante, e que gera uma umidade contraria a boa circulação fluídica. Essas Sandálias serão em número de três pares, associadas aos Robes, se possível. Será melhor evitar o couro, que continuamente necessita de pregos para o solado.
Como cobertura, se operará com a cabeça nua ou coberta. Isso depende das circunstâncias.
No caso do parágrafo "a", se operará com a cabeça nua. No caso do parágrafo "b" e "c", com uma tira frontal, ou uma mitra, ou uma tiara, da mesma cor do Robe. Se fará estas cortando a ossatura nessa tela dura, rígida e áspera, que serve para armar as peças muito leves, na costura. Em seguida se recobrirá esse esqueleto com a fazenda idêntica Àquela do Robe.
Sobre o meio da base dessa cobertura, de maneira que isso se encontre no meio da fronte, se fará bordar um Triângulo de Ouro, com o vértice para o alto, com a palavra hebraica:
"KAES"

significando [pela contração das iniciais em uma só palavra]: "Kadosch Adonai Elohim Sabaoth", ou seja "Santo é o Senhor, Deus dos Exércitos do Céu" [1].
Igualmente se pode, nas Operações "b" e "c", utilizar Luvas, de estofo ou de pele fina, brancas. A luva esquerda levará bordada em prata a palavra hebraica:

"GEBURAH"

significando "Rigor, Justiça". A luva direita levará bordada em ouro a palavra hebraica:
CHOESED"

significando "Misericórdia, Clemência". Se preferir-se, pode-se substituir essas divisas kabalísticas pelo Alfa e o Ômega.
Se se quer realizar o simbolismo ao máximo, se fará bordar o Robe e as Sandálias.
A sandália direita levará bordada em ouro a palavra hebraica :

JAKIN"
significando "Duração, Fundamento". A sandália esquerda levará, bordada em prata, a palavra hebraica:
"BOOZ"

significando "Força, Potência". Essas inscrições serão bordadas em uma coroa de flor de lis [o lotos do Egito, que ornamentava os templos antigos].
Sobre os robes, se poderá levar, nos lugares anatômicos correspondentes, as Letras hebraicas designando as partes do corpo humano, os "Caminhos" kabalísticos e os Nomes Divinos, em relação analógica. Ver quadro de correspondências das XXII Letras e Caminhos. Então, revestindo esse Robe, o Operante será realmente o simbólico "reflexo" do Homem Arquetípico, do Adam Kadmon kabalístico, pois que cada uma das regiões de seu corpo de carne serão religadas por um paradigma, a uma das "regiões espirituais" correspondentes no Grande Homem Metafísico.
O Robe púrpura ou carmesim terá seus caracteres bordados em prata com a escrita dita "Celeste". O branco, bordados em ouro, com a escrita dita "Malachim". O jacinto, com a escrita dita "da Passagem do Rio" e em prata [ver fig. 8].

Cada uma dessas categorias de caracteres corresponde a um dos três planos do Homem Arquétipo; e a um dos três Mundos da Emanação:

Alfabetos Simbólicos No Homem No Arquétipo
Alfabeto "Celeste" Neshamah Briah
Alfabeto "Malachim" Ruach Jesirah
Alfabeto do "Rio" Nephesh Briah

Nos robes, se poderá acrescer um Manto, tipo casula. Poderá ser usado quando se temer ter frio. [É útil ter o máximo de liberdade mental, e um embaraço qualquer é muito nocivo aos bons resultados das Operações. São Tomás declara que um mínimo de conforto é necessário para praticar bem o ascetismo].

F) O Sacramentário, ou "Ritual".

É o formulário no qual o Teurgo transcreverá suas Orações, Consagrações, Exorcismos, etc... Se adotará para tal uma encadernação rígida, se abrindo bem facilmente, de maneira que em tal posição as folhas não se dobrem por si, e que estas estejam juntas por dois pinos metálicos as perfurando. Se poderá utilizar papel de bela qualidade, forte, ou pergaminho vegetal, ou também velino verdadeiro. Esse último permite colorir o Ritual obtendo assim um magnífico Sacramentário. Por esse processo de encadernação móvel, as folhas se abrem e permanecem assim, sem causar dificuldades. Elas devem ser perfuradas no afastamento e no diâmetro dos dois pinos metálicos. Se utilizar-se velino ou papel não perfurado, se marcará com entalhes sobre todas as folhas os pontos onde se vai perfurar, e se os perfurará com um pequeno vazador e um martelo leve.
Se acrescentará alguns marca páginas de cores diversas, largas fitas com um selo de chumbo leve na extremidade, que permitirá marcar as folhas de maneira permanente, e as vezes os versículos. Três serão suficientes: um negro, um branco e um vermelho.
O Sacramentário estará permanentemente fechado, sobre a Estante.
A necessidade de um Livro, verdadeiro Ritual, contendo as Orações, fórmulas de Consagrações, etc... , é testificada por Agrippa, tomo IV, Pgs. 31 a 34; Eliphas Levi, tomo II, Pg. 168; Alphonse Gallais, Pg. 121. O próprio termo aparece no pequeno "Dicionário Larousse" com esse mesmo significado de "Ritual".

G) Cálice e Patena.

Para Os Operadores de posse do Sacerdócio esotérico, dito "sacerdócio de Melkissedek", tendo o "poder" de oferecer o Pão e o Vinho, os acessórios litúrgicos serão completados por um cálice e uma Patena. O primeiro é uma Copa, de cristal, de prata, de prata dourada, ou de ouro. O segundo é um pequeno prato redondo, do mesmo metal que o Cálice. Os diversos modelos empregados pelas Igrejas cristãs convém perfeitamente.
Lembremos, que a filiação dos "Sacerdotes segundo A Ordem de Melkissedek", não é mais que a filiação apostólica.

Os "Tapetes Filosóficos"

Afim de não sujar os estofos aveludados de lã do Oratório com giz ou carvão de madeira, será bom pintar os Círculos das Operações sobre peças de tela fina, de um diâmetro de mais ou menos 2m x 2m. Para que fiquem bem estendidas serão presas com o auxílio de pontas finas. Se medirá cuidadosamente o centro estendendo dois cordéis sobre as diagonais. Se pregará uma ponta fina no dito centro, e se traçara os Círculos com o auxílio de um cordel, na ponta do qual estará uma argola prendendo um lápis. Em seguida se "repassará" cuidadosamente os traços do lápis com tinta da China. Se deixará secar. Então se pintará em vermelho os Nomes de Deus, dos Anjos, dos Patriarcas, etc...

A Baqueta, - A Baqueta será feita de madeira de amendoeira, de uma peça só e reta, do comprimento de um braço mais ou menos. O próprio Operador a cortará, na primavera, quando o sol estiver levantando, num domingo, voltado para o Oriente. A Lua deverá ser crescente indo para cheia. Se a Espica da Virgem, Fomalhaut, se levantam ou culminam será melhor ainda.
É possível que o ramo de amendoeira, que Eliphas Levi associa à Clavícula de Salomão [o Hexagrama, em Pantáculo] nas Operações de teurgia, que cita a "Sagrada Magia de Abramelin o Mago", o Ritual de Avignon ["Iluminados" de Dom Pernetty], na realidade não seja mais que um erro, decorrente da uma má tradução das Escrituras. Em efeito, em Cerimônias idênticas, Martinez de Pascallis, e o ritual dos Elus Coehn prescrevem Espada ou Baqueta, impondo o emprego de um Círio de cera.
Pois bem, no livro de Jeremias [I, II], os tradutores diversamente traduziram esse versículo, hesitando em traduzir shaked [amendoeira] ou shakad [lamparina]. Somente os pontos massoréticos permitiriam distinguir a nuância. As vezes se lê:
"A palavra do eterno me foi dirigida nesses termos: "Que vês tu, Jeremias? Eu respondi : "Senhor, eu vejo um ramo de amendoeira. A voz tronou a dizer : Tu vistes bem, porque eu velarei para executar minhas palavras".
Outras vezes se traduziu:
"... Eu respondi: Senhor, eu vejo um ramo de amendoeira. A voz tornou a dizer : tu vistes bem. Pois eu sou uma Vara que vela para a execução de minhas palavras..."
Pois bem, a vara que vela é incontestávelmente um Círio. Ao redor do altar cristão, os Círios simbolizam os Anjos da Corte Celeste, e os dois círios que devem ser de cera da abelha [nos termos do Canon], de um lado e de outro do crucifixo vertical, são os dois grandes arcanjos. E o Livro de Enoch chama os Anjos de "Veladores do Céu"
Lenain, em sua "Ciência Misteriosa", nos diz isto a respeito da Baqueta do Teurgo:
"Os cabalistas escreviam o nome Agla sobre a baqueta misteriosa que servem nas experiências cabalísticas, e eis como é feito : é necessário cortar um ramo brotado no mesmo ano, de aveleira virgem, quer dizer, que é necessário que jamais a árvore tenha sido cortada, que nenhum ramo jamais tenha sido cortado ou quebrado, o que é facilmente encontrado em um arbusto de brotação do ano, o ramo é cortado entre onze e doze horas da noite, sob a influência favoráveis a experiência que quer fazer; é necessário ter uma faca nova, sem uso, e pronunciar certas palavras, com o rosto voltado para o Oriente; em seguida, é necessário abençoá-lo, e escrever sobre o lado da ponta mais grossa o nome AGLA, sobre o meio a palavra ON, e sobre o lado da ponta mais fina o nome TETRAGRAMMATON; esses três nomes devem ser acompanhados cada um de uma cruz e de seu caráter misterioso; e quando eles estão para proceder as evocações, eles golpeiam o ar em cruz com essa baqueta, para as quatro partes do mundo começando pelo Oriente, depois o Meio Dia [Sul], após o Ocidente, e para o Norte, pronunciando a cada vez o seguinte: "Eu............, te conjuro Anjo ................ de me obedecer imediatamente; pelo Deus Vivo, pelo Verdadeiro Deus, pelo Deus Santo, e eles golpeiam o ar a cada vez, formando a cruz.
Como cada um conhece a analogia da figura circular com a unidade que é o símbolo perfeito de Deus, é por essa razão que é necessário se encerrar nesse caráter misterioso e no meio de um triângulo, cada vez que se procede as evocações".

CONTINUA